Onda de indignação
As cenas protagonizadas ontem, por senadores durante uma audiência com a ministra acriana, evangélica, negra, Marina Silva, gerou uma onda de indignação em todo o Brasil, com consequências políticas em Rondônia. Não foi um debate de ideias. Foi um massacre. Tudo começou com os insultos proferidos pelo senador amazonense Omar Azziz (PSD). Depois os ataques de outro senador amazonense, Plínio Valério, do PSDB, que disse ter vontade de enforcar Marina Silva. Por fim, a pá de cal. O senador rondoniense Marcos Rogério (PL), pré-candidato ao governo de Rondônia, mandou a ministra “ficar no lugar dela”. Marina não aguentou os ataques e se ausentou do recinto. O resultado é que a indignação com o ocorrido foi geral. Não teve quem não expressasse repúdio. As consequências políticas para o senador Marcos Rogério que presidia a sessão serão desastrosas. Mesmo com uma esquerda quase inexistente (nas redes sociais), o assunto vai ser pauta dos principais candidatos ao governo de Rondônia.
Onda de indignação 2
O senador Marcos Rogério ficou no meio do fogo cruzado. Como presidente da sessão, ficou mais exposto. As intervenções dele, sempre atacando a ministra, foram fatais para o desfecho. Podia ter sido mais comedido. Não foi. Se excedeu. Com o então ministro da Saúde, general Pazuelo, durante a CPI da Covid, foi tchutchuca.
Onda de indignação 3
Marcos Rogério é, ao lado do senador Confúcio Moura, um dos mais cotados na disputa pelo Palácio Rio Madeira. Do ponto de vista político, os dois são destaques nacionais, embora em campos ideológicos distintos.
CAMINHADA ESPERANÇA é um alento na rotina política de Rondônia
É certo que a dinâmica política se aproxima de vendaval – e, nela, “o que anoitece não amanhece”. Também é certo que a polarização política em Rondônia resiste, mesmo que desconstrua caminhos e breque avanços necessários à população. No entanto, talvez por isso mesmo, o Movimento CAMINHADA ESPERANÇA surge como uma luz no fim do túnel na modorrenta política rondoniense.
CAMINHADA ESPERANÇA é um alento na rotina política de Rondônia
Liderada pelo senador Confúcio Moura e o ex-senador Acir Gurgaz, MDB e PDT, respectivamente, e reunindo todos os partidos do campo progressista do estado, a CAMINHADA ESPERANÇA é um movimento que abre espaço para quem pensa Rondônia para além do maniqueísmo esquerda X direita, mas que tenha a empatia como princípio.
CAMINHADA ESPERANÇA é um alento na rotina política de Rondônia 2
A biografia dos dois líderes políticos que conduzem o Movimento, mais os partidos que o compõem, juntamente com as personalidades que engrossam as suas fileiras, indicam que a histórica disputa entre grupos políticas pelo poder se limitará ao campo da direita conservadora, cuja unidade é uma quimera – afinal, o tesouro estadual é um só e, ao que parece, insuficiente para atender a voracidade de tantos agrupamentos políticos.
CAMINHADA ESPERANÇA é um alento na rotina política de Rondônia 3
Assim, se os senadores e as lideranças partidárias que compõem o Movimento CAMINHADA ESPERANÇA conseguirem manter a unidade até o momento da definição eleitoral, este jogará papel relevante nas eleições de 2026. E, pelos nomes envolvidos, o Movimento reúne condições para ser competitivo em todos os cargos a serem disputados. Do jeito que aponta, em Rondônia, o jogo será jogado e o Tambaqui, digo, o peixe será pescado.
Continua inelegível
O ex-senador e ex-governador Ivo Cassol (PP) teve condenação mantida por direcionamento de certames realizados em 1999. A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), publicada em 22 de maio de 2025, negou seguimento ao agravo interposto por sua defesa. O ministro Sérgio Kukina, relator do caso no Agravo em Recurso Especial nº 2713457, rejeitou o pedido por vícios técnicos, sem analisar o mérito da condenação. As informações são do site Rondônia Dinâmica.
Cláudia de Judas
Os filiados e correlionarios do PT de Rondônia não escondem o desconforto com a atuação de sua única representante na Assembleia Legislativa, Cláudia de Jesus. Conversam entre eles mas não expõem a insatisfação. Claro, ela é filha do presidente da sigla, Anselmo de Jesus. No momento o partido está em processo de eleição que vai mudar a direção estadual, ou seja, de Jesus será apeado do poder. O PT precisa eleger políticos que não se vendam ao governo estadual. Na foto, a deputada petista está com o governador Marcos Rocha (União Brasil), na Rondônia Rural Show, templo do agronegócio, que financiou os atos anti antidemocráticos no dia 8 de janeiro enviando dezenas de pessoas para Brasília, muitas delas presas ou foragidas da justiça.
Cláudia de Judas 2
Além de ser alinhada ao governo estadual de extrema direita, Claudia de Jesus tem votado de acordo com suas novas ideologias. Votou pelo fim das reservas ambientais e, pasmem senhores, votou favoravelmente à concessão do título de cidadão honorário rondoniense ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, proposta pelo deputado Delegado Lucas (PP). Netanyahu é amplamente contestado em relação à população palestina e por violações ao direito internacional humanitário. Recentemente Netanyahu mandou explodir um hospital matando nove filhos de uma médica palestina. Um genocídio só comparável ao holocausto.
Antivacinas
O avanço de algumas doenças, inclusive da Covid, tem lotado os postos de saúde Brasil afora. O detalhe é que têm vacinas para essas doenças. O deputado estadual Leonel Radde (PT -RS) acusou a extrema direita por propagar e até fazer leis antivacinas, como a deputada estadual Taissa Souza (PL-RO). O índice de internação aumentou em 300%. Em cerca de 20 estados estão sendo decretadas situação de emergência. O índice de mortes de crianças tem atingido 200%. Clique aqui para assistir ao pronunciamento do deputado
Verde é só no PowerPoint
Na 15ª Reunião da Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e as Florestas (GCF Task Force), o Governo de Rondônia fez bonito — ao menos no palco. Com direito a fotos posadas, discursos empolgados e menções a uma tal de “nova economia florestal”, representantes estaduais esbanjaram compromisso ambiental enquanto a realidade rondoniense arde — literalmente. Representado pela Sedam, o estado reafirmou, com veemência de PowerPoint, sua suposta dedicação ao desenvolvimento sustentável.
Verde é só no PowerPoint 2
Segundo o governador Marcos Rocha, “a presença de Rondônia no evento facilita a tomada de decisões para solucionar os desafios ambientais”. Isso é a manifestação oficial para a imprensa. Mas a realidade é diferente. Solucionar, no caso, parece significar liberar loteamentos dentro de reservas legais, afrouxar licenciamentos ambientais e ignorar comunidades tradicionais que vivem sob ameaça.
Verde é só no PowerPoint 3
Enquanto autoridades falam em economia verde e valorização de recursos naturais, em Porto Velho, a Assembleia Legislativa aprova projetos que flexibilizam regras fundiárias e fragilizam áreas de proteção, incluindo medidas que até a ONU chamaria de “ousadas” — para não dizer predatórias. O secretário Marco Antonio Lagos declarou no texto oficial da ASCOM que “a troca de experiências nos ajuda a proteger nossas florestas”. Pena que essas experiências não pareçam ter chegado a Machadinho, Buritis ou às áreas da Resex Jaci-Paraná, onde grileiros avançam com a bênção do silêncio institucional.
Verde é só no PowerPoint 4
A cereja do bolo verde foi a convocação da Força Nacional para conter conflitos em terras indígenas e áreas ambientalmente sensíveis — o que torna difícil saber se Rondônia está promovendo a paz ou apenas limpando o caminho para a boiada passar com mais fluidez. Enquanto o mundo ouve promessas ecoando em auditórios climatizados, os satélites seguem registrando cicatrizes na Amazônia. No fim, a floresta continua servindo: se não mais como bem comum, ao menos como palco para discursos performáticos e narrativas de marketin
Breakfast
Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia e do Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político
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