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Porto Velho
quinta-feira, setembro 4, 2025

Portovelhense que vai a Marte escreve conto sobre o planeta

Sandra Maria Feliciano Silva vai a Marte
Sandra Maria Feliciano Silva pode ir  a Marte

A brasileira Sandra Maria Feliciano Silva, 51, moradora de Porto Velho (RO), está entre os cem candidatos pré-selecionados para uma missão que pretende colonizar Marte em 2025, informou a fundação Mars One, organização privada que organiza a expedição. No final, apenas 24 pessoas serão escolhidas para a viagem sem volta.

A pedido do UOL, Sandra escreveu um conto de ficção científica onde imagina como será a ocupação humana em Marte, principalmente após o anúncio da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) de que o planeta tem realmente água líquida.

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Confira o conto

NÓS AJUDAREMOS

Um murmúrio sutil foi tomando conta de toda a consciência, algo diferente acontecia, depois de longo e tedioso tempo. Tempo… era o que mais tinham.
Primeiro foram alguns poucos sacos de água, depois já havia uma dezena deles. Foram chegando aos poucos, a consciência se estendia devagar, tentando entender, absorvendo tudo que pudesse entender, e eles podiam entender muito.

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– Cuidado Kimura, soou a voz no interior da cabine. Temos que fazer isso direito logo na primeira vez.

O astronauta e explorador Hiroshi Kimura, estava na terceira missão tripulada a descer no planeta vermelho. Era exobiólogo e nesse instante, também perfurador em Ridges que estava a 28,2N e 28 W, nas coordenadas de Marte. Ele cavava entre os dois cumes meio erodidos pelo vento.

– Que inferno, Oscar! Não vai ter água nesse lugar, e temos que cavar entre duas mesas de pedra!

– Mas temos que pegar amostras, Hiroshi. A perfuratriz ainda não alcançou 80 metros. Pelas minhas leituras estamos com 52 metros, respondeu o outro que dirigia a perfuratriz.

– Pare!

A ordem veio com um grito. Oscar parou a perfuratriz imediatamente.

– O que foi?

– Venha ver, respondeu Hiroshi.

Na ultima camada de terra removida pela perfuratriz uma massa escura se destacava: gelo.

– Minha nossa, Hiroshi! Isso é água congelada, achamos!

Os dois gritavam e pulavam como crianças.

Coletaram a amostra e pararam. Não queriam soltar toda aquela água na superfície se ela estivesse em estado líquido mais abaixo, ela congelaria na superfície e a perfuratriz poderia ficar presa. Comunicaram à base que ficava perto do antigo lugar de pouso da Viking II (23N 46W).

– Certo, perfuratriz 3, volte para a base e traga as amostras, como vão batizar o poço, perguntou Anna a administradora local da missão.

– É a vez do Hiroshi, respondeu Oscar.

– Hajime, falou Hiroshi.

– E que diabos é isso?, perguntou Anna.

– Primeiro Filho.

– É um bom nome, fica registrado então Poço Hajime, voltem para a base meninos, temos uma tempestade vindo e quero vocês aqui antes de ela chegar.

– Sim senhora.

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“Eles foram” – a mensagem reverberou por todo o lugar, “nosso plano funcionou?” “logo saberemos” – “logo saberemos” repetiu todo o coletivo.

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Oscar foi para o laboratório e colocou a amostra junto com as outras. “Mais uma para a Terra”, pensou enquanto fechava o ambiente hermético da sala de amostras, isolada por uma forte estrutura blindada.
Tranquilamente retornou para as suas atividades.

Na sala escura, uma sutil fagulha elétrica se destacou do tubo de amostra e passou para a estrutura de metal, a fagulha penetrou na estrutura e não foi percebida por nada, nem ninguém.

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marte1Primeiro eles chegaram com uma grande rocha, foram pequenos impulsos elétricos, depois estruturas complexas como silicatos, crescendo no escuro; a eletricidade aumentou, e o grande cataclisma acabou com o campo eletromagnético do planeta, os pequenos pontos elétricos continuaram fervilhando por baixo da crosta, no escuro, pensando, procurando, entendendo o meio e crescendo cada vez mais, no meio da água, escura, rica em alimento, silenciosa, o organismo sobreviveu p, a colônia cresceu.

Dificilmente aquilo poderia ser entendido como vida, nenhum ser humano reconheceria aquele aglomerado de estruturas como um ser inteligente, eles eram lentos e quase não se movimentavam.

Faziam quase quatro bilhões do tempo da Terra que nada de novo acontecia, eles aprendiam com um outro eventual organismo que caia no planeta, mas quando os sacos de água chegaram, toda a comunidade passou a se interessar.

– Eles não sabem se alimentar, disse uma consciência.

– Não sabem muitas coisas, são crianças ainda, respondeu o outro.

– Nem mesmo conseguiram nos perceber, embora sejam sacos de água.

– É verdade, respondeu grande parte da consciência.

– Devemos intervir? Devemos ajudar? Devemos ensinar? Devemos nos apresentar?

Todos perguntavam ao mesmo tempo.

– Devemos pensar, alguém disse.

A consciência voltou a silenciar e ruminava silenciosamente sobre a questão, flutuando no meio do líquido, não se distinguindo dele. Ela havia evoluído por bilhões de anos, fazia parte do planeta, era o planeta.

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A pequena fagulha observava no canto escuro. Olhava a bolsa de água que estava silenciosa, estendida sobre uma estrutura. Escorregou devagar pela estrutura e tocou levemente o humano, não esperava ser imediatamente absorvida pelo corpo.

“Entrei, esse corpo é um bom abrigo”, o corpo estremeceu levemente, e a consciência passou a explorar. O corpo tinha muitas coisas diferentes, os outros precisavam ver aquilo, e foi quando se deparou com as informações.

Ele sabia que havia outros mundos, tudo o que caia no planeta informava isso, mas o que ele descobriu naquele saco de água foi muito mais do que aprenderam nos últimos bilhões de anos. Um novo mundo, repleto de coisas novas, de muita energia, as bolsas de água eram bilhões, e não sabiam se comunicar como eles, não sabiam se alimentar como eles.

A criatura “escorregou” sutilmente, soltando uma pequena fagulha e penetrou novamente na estrutura, chão adentro, saindo do corpo.

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– Que diabos, Rob! Precisamos dessa energia! Como? Pode me explicar como estamos perdendo 500 watts de energia por dia? Para onde isto está indo? Devia estar carregando as baterias de reserva para a próxima tempestade!

– Eu não sei, já revisei tudo, olhei os cabos, as baterias, os painéis, eu não sei!

– Veja de novo! Temos cabos suficientes para trocar tudo se for preciso, mas não podemos perder essa energia, isso vai fazer falta.

– Temos bastante, mesmo que a tempestade dure muito, Anna.

– Mas e se essa falha se multiplicar? Se isso for um problema do sistema? Nós nem sabemos o que é, Rob, precisamos descobrir, trabalhe nisso com prioridade.

– Está bem, disse ele se retirando.

Ela permaneceu pensativa, aquilo estava atormentando-lhe, fazia dois dias que haviam percebido o declínio da energia e ainda não sabiam o que acontecia. Para viver em Marte era crucial ter energia, sem energia suficiente morreriam todos.

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A comandante dava as ordens. Fazia dois anos que estavam ali, já estava na hora de uma equipe voltar para a Terra.

– A equipe de solo permanece até a próxima nave, o restante retorna com as amostras. Todos os sistemas já foram conferidos várias vezes, Michel ajuda Hiroshi com as amostras, e Oscar, Maria e Maurice conferem os motores, todo o resto conhece suas atribuições. Eu, Ray, Alysia e Rob permanecemos até a próxima equipe voltar.

– Temos 72 horas até a partida. Vai rolar uma festa de despedida? Afinal só vou poder te infernizar daqui a quatro anos, falou Oscar.

– Sem festas por enquanto, Oscar. Vamos manter o foco.

– Seremos os primeiros a voltar, já pensou? Festas, condecorações, seremos recebidos pelo Presidente, disse Maurice.

– Por enquanto vocês só são um bando perdido em Marte, voltem ao trabalho, dispensados, arrematou Anna.

Foram saindo e não perceberam uma fagulha sutil no teto, na estrutura metálica de sustentação. A fagulha deslizou e entrou na unidade de água potável. Logo que todos saíram, uma dezena delas acompanhou a primeira fagulha.

Na sala de análises químicas, Alysia examinava, no ambiente seguro, parte da amostra do gelo escuro que Hiroshi e Oscar haviam conseguido.

– Ok, minha linda, fale comigo.

Ela falava sozinha com a amostra. A observação no microscópio eletrônico mostrava silicatos em suspensão na água, mas eles pareciam se ligar e depois desligar uns dos outros, agregavam-se novamente e voltavam a se ligar.

– Minha nossa!!

Aquilo era absolutamente incomum. Voltou a olhar e lá estavam eles.

“O saco nos viu”, uma sutil corrente percorreu o microscópio e atingiu Alysia, que nem percebeu o que acontecia.

No momento seguinte ela recolocava tudo no lugar, e não lembrava o que havia visto.

Ela saiu e fez o relatório, a matéria era segura e inerte, podia ser mandada para Terra em segurança.

“Temos que tomar cuidado” disse um, “ela não vai se lembrar, temos que ver os outros que estão partindo” falou a outra consciência.

Diversos pequenos pontos de fagulhas se movimentaram.

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– Ok rapazes, levem nossa mensagem para Terra e boa viagem, manteremos contato durante todo o tempo.

-Certo, Anna, boa sorte pra vocês, nos vemos em quatro anos na Terra.

Saíram pela eclusa, chegaram à nave de transporte, tomaram suas posições e partiram em direção à nave que estava na órbita do planeta. Dali a 48 horas eles partiriam.

Meia hora depois Rob procurava Anna.

– Anna, você tem que ver isso.

– O que é? Resolveu o problema da energia?

– Não, mas há uma coisa na sala de amostras, você tem que ver.

Ela entrou na sala de amostras e um armário estava lotado de comida.

– Mas que diabos é isso, Rob? Desde quando guardamos comida aqui? De onde vem essa comida?

– Eu fiz uma breve relação, é do nosso estoque.

– Está faltando comida no nosso estoque?

– Não, eis a questão, toda a comida é registrada antes de ser consumida, essa que está aí é a alimentação da última semana que distribuímos para Michel, Hiroshi, e Oscar, Maria, Maurice, Kubrik e Pauline.

– Mas, isso não é possível, se eles não se alimentaram com essa comida, o que comeram e por que está escondida aqui?

– Isso eu não sei, mas foram os seis que subiram, todos foram avaliados antes por Alysia, ela atestou a saúde deles.

– Vamos ver Alysia.

Alysia estava parada no meio do laboratório quando a dupla entrou.

– Alysia, perguntou Anna, você tem os últimos exames que fez na equipe que subiu para a Incvitus?

– Sim, algum problema?

– Eu que gostaria de saber se há algum problema, tem os exames aí?

– Sim, tudo no computador, encaminhei no último relatório para a Terra, está tudo nos padrões esperados.

– Temos uma situação estranha aqui Alysia, todo o alimento que supostamente teriam consumido nessa última semana estava estocado em um armário no setor de armazenamento de amostras, eles não comeram o que deveriam comer.

– Podem ter comido outra coisa.

– Não, eu chequei os estoques, estão intocados, disse Rob.

– Eu não entendo. É impossível que estivessem bem sem comer.

– Eu vou olhar os computadores dos setores, e o resto de vocês olhem os dormitórios, relatem qualquer anomalia, em 48 horas eles estarão voltando para a Terra, tenho que saber o que está acontecendo aqui. Rob chame o Ray e vão para a área de controle e veja se os dados de alimentação não foram adulterados de alguma forma repassem as filmagens da base na última semana; Alysia, quero uma análise ambiental completa e extrapole para a condição de não terem ingerido nada nessa ultima semana, qual seria a condição orgânica deles.

– Por onde começamos?, perguntou Rob.

– Controle e depois Laboratórios, eu vou para o setor de Armazenamento, quero ver se há alguma coisa errada ali, escolheram um lugar que ninguém iria mexer para esconder a comida, o que mais poderiam ter escondido?

Faltavam 47 horas para o retorno a Terra.

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Ela revia as fitas das últimas horas, todos eles estavam levando a comida para o setor de armazenamento, parecia lógico que não haviam comido. Alguma coisa errada estava acontecendo, mas era impossível saber o quê.

Estava no laboratório e começou a abrir todos os arquivos da última semana. Não achou nada, faltava somente o arquivo do microscópio, tudo o que era observado era gravado no computador para que pudesse ser analisado posteriormente.

Ela abriu e viu as observações de Alysia. Havia algo estranho na amostra da Cratera Hajime, mas Alysia havia atestado a regularidade da amostra. Não era possível.

As coisas ficavam cada vez mais estranhas. Decidiu que não iria confrontar Alysia, ainda.

Faltavam 43 horas para a Invictus partir.

Foi para o refeitório, afinal tinha que se alimentar. No caminho encontrou Rob e Roy.

– Acharam alguma coisa diferente?

– Não ainda, Anna, mas tenho uma notícia boa, nossas baterias voltaram a carregar.

– Qual era o problema?

– Não sei, não fiz nada diferente, simplesmente voltaram.

– Temos que descobrir o problema, Rob, isso não pode voltar a acontecer.

Terminaram a refeição. Alysia não estava ali, ainda revia os relatórios.

– Vou voltar ao laboratório, terminem de verificar os dormitórios.

Todos saíram, ninguém viu a discreta fagulha perto da unidade de suporte de vida.

Estava na hora de contatar a Invictus, os procedimentos mandavam fazer o contato a cada cinco horas.

– Invictus, aqui é Marte 1, está me ouvindo, Oscar?

– Alto e claro, Anna, tem uma tempestade enorme a leste de onde vocês estão, daqui de cima é impressionante, deve chegar à base em dois ou três dias.

– Obrigada Invictus. Como vão as coisas aí?

– Ainda limpando e conferindo tudo, parece tudo em ordem até aqui, mas ainda há muito trabalho.

– Certo, voltamos a falar em cinco horas. Qualquer problema nos avise. Desligando.

Eles pareciam normais. Mas aquela última semana não tinha nada de normal, primeiro a descoberta de Hiroshi e Oscar, depois o problema da energia, agora a comida que não foi comida e Alysia ocultando o que viu na amostra.

Eram exatos 504 watts de energia que estavam sumindo todos os dias. Precisava dormir.

Comunicou para Rob que iria descansar, não aguentava mais o sono, e foi para a cabine. O sono não foi reconfortante, teve pesadelos com naves explodindo e tempestades de areia. Levantou de mau humor, lavou o rosto e foi tomar um café.

Faltavam 39 horas para a Invictus voltar para Terra.

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Alysia não havia se alimentado ainda, foi para o refeitório e pegou a ração. Por um instante ela parou, enfiou o pacote no bolso. Seus olhos ficaram inexpressivos.

“Não precisa ter medo, junte-se a nós, você quer saber mais sobre o universo, podemos ensinar, sabemos muito, somos mais antigos que sua espécie, nascemos antes que seu planeta fosse formado, podemos ajudar”

Alysia “gritava” mentalmente e resistia, a mão se estendeu para um cabo de energia, ela continuava resistindo.

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Anna sentou no seu console, as informações que os outros passavam não lhe serviam de nada. Rob relatava que 84 watts de energia haviam sumido.

Droga de problema! Então o rosto de Anna se iluminou, aquele número… aquele número era muito importante! Lembrava no treinamento da Terra, quando discutiam formas orgânicas eficientes, ela nunca foi muito boa em biologia, era engenheira, mas disso ela lembrava.

Um corpo humano em estado normal precisava de 2.500 calorias para se sustentar, uma caloria equivalia a 4,18 joules de energia, o que significavam 10.450 joules, que divididos pelo número de segundos no dia dariam cerca de 120 watts de potência, quase o consumo de uma lâmpada caseira.

Mas em Marte o consumo de energia seria menor, pois a baixa gravidade implicava em um esforço geral menor, haviam perdido massa óssea e muscular durante a viagem, as exigências do corpo haviam sido reduzidas em 30%, precisariam de 84 watts de energia.

A energia que seis pessoas consumiriam é 504 watts, os exatos 504 watts que faltavam todos os dias!

Ela saiu correndo em direção à sala de Rob, precisava das filmagens da última semana das salas das baterias.

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– Como assim não há, Rob? Tudo aqui tem que ser monitorado! Era o lugar que estava tendo problemas, como não temos as gravações?

– Não é que não temos, a gravação foi feita, mas alguma coisa aconteceu, parece que as filmagens sofreram alguma interferência, só sei que não conseguimos ver direito o que acontece.

– Mande as gravações para o meu console, eu vou ver isso.

– Algum problema com a sala de baterias, Anna? Não vi nada de anormal por aqui, exceto o problema da energia que está sumindo, acho que é algum cabo mesmo. Vou trocar os cabos.

– Certo, faça isso, mas mande as filmagens para mim agora, por favor.

– Mandando agora, disse apertando a tecla do computador e enviando os arquivos para a outra máquina.

Ela saiu sob o olhar intrigado de Rob.

“Tenho que contatar a Invictus novamente”. Já haviam se passado mais cinco horas.

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Ela sentou no console, um dos seus passatempos era editar filmes, a quantidade de software que tinha no seu computador devia ajudar.

Passou mais cinco horas tentando melhorar a qualidade do filme. Teve que contatar novamente a Invictus, agora faltavam menos de 24 horas para partirem.

Por fim, conseguiu uma imagem e aquilo a chocou completamente. Dois deles tocavam as baterias e uma espécie de aura azulada se formava consumindo a energia das baterias.

Era óbvio que alguma coisa muito anormal havia acontecido. Os tripulantes da Invictus estavam com alguma coisa, foram de alguma forma contaminados pelo ambiente marciano.

A Invictus não poderia partir, tinha que informar a Terra e pedir a eles que voltassem para a base, mas tinha a sensação de que não seria obedecida. Devia informar a Terra primeiro.

Saiu de seu habitat, em direção à sala de comunicações. Encontrou Alysia no corredor.

– Olá, comandante, não consegui nada com as pesquisas, estou indo ao refeitório, me acompanha?

Ela tinha um copo com água na mão. Água… teve que falar para a tripulação consumir uma quantidade menor de água, o consumo havia aumentado nos últimos dias. Alysia havia ocultado o problema com a amostra, estaria ela contaminada também, 84 watts… uma pessoa consumia 84 watts.

– Não Alysia, obrigada, tenho trabalho a fazer, depois conversamos.

Ela foi rapidamente para a sala de comunicação. Ligou os instrumentos e começou a transmitir.

– Terra, aqui é a base de Marte chamando, responda.

Repetiu isso várias vezes, a tempestade havia se iniciado do lado de fora. “Merda!”.

– Roy, pode vir à sala de comunicação, por favor?

Roy chegou em seguida.

– O que foi?

– Não consigo falar com a Terra, há alguma coisa nos comunicadores.

– Pode ser que a tempestade tenha afetado as comunicações, essa é das grandes.

– Roy, preciso do rádio funcionando agora, tenho que falar com a Terra, a Invictus deve partir em breve, não podemos perder as comunicações!

– Já te disse, não há nada de errado com o equipamento, e não tem como parar a tempestade, o que posso fazer é aumentar a banda do sinal, mas não vai adiantar, a tempestade está interferindo.

– Ok, faça isso, eu volto daqui a pouco.

Ela saiu, ele voltou a encaixar o fio que havia deixado desconectado.

Alysia se juntou a ele.

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“Não vou desistir facilmente”. Foi ao depósito de peças, pegou o rádio sobressalente para viagens longas, levou para o seu quarto e passou a arrumar o rádio.
Faltavam vinte horas para a Invictus partir.
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“Ela sabe”

“Não tem importância, não conseguirá fazer nada”

“Devemos falar com ela, podemos ajudar”

“Não agora, ela é muito resistente”

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Havia um sinal, ela tinha conseguido.

– Terra, aqui é a base de Marte, responda.

Depois de três tentativas a resposta veio.

– Olá Marte! Estamos na escuta, mais 17 horas e a Invictus parte, estamos observando uma imensa tempestade sobre vocês, como estão as coisas?

– Inteiras por enquanto. O diretor Matthew está por ai? Preciso falar com ele.

– Um momento.

– Olá Anna! Como estão as coisas?

– Matthew, podemos falar em um canal privado?

Matthew deu a ordem e os demais operadores passaram a não ouvir.

– O canal está seguro, o que é? O que há de errado?

O tom da voz de Matthew havia mudado.

– Preparei e te mandei um pacote de arquivos para o seu email pessoal, há alguma coisa muito errada por aqui, Matthew.

Nesse instante, Alysia e Roy entram na sala e param em frente à Anna.

A energia do rádio some, assim como a comunicação.

– Não faça isso, nos deixe explicar.

– Expliquem, pode começar dizendo o que ou quem são vocês. Não são meus tripulantes.

– Só queremos ajudar, seus tripulantes estão aqui conosco, só entramos para conhecer sua espécie, podemos melhorar seu corpo, fazer você viver muito mais, lhes dar conhecimento de coisas que nunca sonharam, somos mais antigos do que seu planeta e sua espécie.

– Desculpe, nunca fui chegada em possessão alienígena. Afastem-se de mim.

Eles se aproximavam lentamente, ela não viu quando por trás dela uma fagulha de energia apareceu e tocou o seu corpo.

Em poucos minutos, Anna religava o console e dizia a Matthew que fizesse uma recepção calorosa para os recém-chegados e que havia mandado uma ideia de ficção para o seu novo livro.

A Invictus partiu, ela ouvia a voz repetindo na sua cabeça “nós ajudaremos”.

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