A economia sob Lula
É difícil discernir qual o evento mais notável, se o crescimento de 1,4% da economia brasileira no segundo trimestre deste ano ou se a perplexidade parva da mídia hegemônica brasileira e dos falsos gênios do mercado confrontados com eventos tão relevantes. Um tal crescimento da economia coloca o Brasil como a segunda economia no ranking de performance no período entre os países membros e parceiros da Organização para a Cooperação Econômico e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), atrás apenas da Polônia. A notícia levou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a prever um crescimento ao final de 2024 de no mínimo 2,8%, mas já há instituições financeiras prevendo até 3,3%. Anualizado, o desempenho do segundo trimestre apontaria uma elevação de 5,7%. Na mesma direção, o ex-ministro Guido Mantega, prevê um crescimento de 3,5% em 2025 e de até 4% em 2026.
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Diante de números tão auspiciosos, que certamente não caíram dos céus, mas da boa gestão econômica de Lula, Haddad, Tebet e equipes, a reação dos luminares do mercado e da mídia chinfrim que os segue varia da perplexidade à negação. Uns se declaram incapazes de explicar o que se passa. Confessam basbaques não saber de onde vem o crescimento. Outros rebaixam sua relevância. Consideram a notícia relevante apenas quando negativa para os planos do presidente Lula. Nos bastidores e em público, agentes do chamado mercado apressam-se a demandar elevação ainda maior dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central. Se acontecer, será um contrassenso porque uma das virtudes desse ciclo de desenvolvimento é o fato de que ele se dá justamente com inflação em queda. A boa nova da economia advém de uma gestão exemplar, baseada em evidências, livre das amarras ideológicas que empesteiam o pensamento econômico conservador brasileiro e a mídia que se ajoelha diante do mesmo credo. (As informações são do Brasil 247).
Os Nosferatus da Amazônia
O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL/RO), em tom de deboche, só pode, alertou sobre a gravidade da crise ambiental que atinge o bioma, especialmente em Rondônia. Risos. Com o avanço das queimadas, o parlamentar afirmou que “não há o que comemorar” e direcionou críticas ao governo federal e estadual pela inércia no combate à devastação. É cara de pau mesmo.
Tanto ele quanto os sendores Marcos Rogério e Jaime Bagatolli, todos do PL de Bolsonaro, são os parlamentres que mais atacam a Amazônia, em especial, Rondônia, com seus votos anti-ambientais. Não à toa, o trio esteve ontem, sábado, em pleno 7 de Setembro, atacando as instituições e a democracia.
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Chrisóstomo foi citado em 2021, numa reportagem investigativa da BBC, como apoiador das demandas de invasores de terras indígenas. Chrisóstomo disse à BBC que ajudou invasores a se reunir com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o Ministério do Meio Ambiente e a Funai, mas não sabia que eles haviam invadido uma terra indígena. Risos. Veja a reportagem da BBC completa aqui.
Hipocrisia política
Édson Silveira, vice-presidente estadual do PT/RO, publicou ontem, neste site, um artigo onde critica o deputado federal Lúcio Mosquini (MDB-RO). O deputado ue é bolsonarista, creditou as queimadas na Amazônia e em Rondônia como uma responsabilidade exclusiva do governo federal atual. “Esses políticos ignoram deliberadamente o papel que eles próprios e o governo Bolsonaro desempenharam na construção desse cenário devastador”, disse Silveira.
Hipocrisia política 2
É inegável que a Amazônia está em chamas, e Rondônia, um dos estados mais afetados, sofre as consequências de políticas que desmantelaram as leis ambientais e abriram espaço para o avanço descontrolado do agronegócio predatório. A frase “deixa a boiada passar”, proferida pelo então ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles, sintetiza a abordagem negligente e destrutiva adotada pelo governo anterior. Essa política de terra arrasada facilitou a degradação ambiental, resultando nas queimadas que hoje devastam a floresta e colocam em risco a vida de milhões de brasileiros.
Mais hipocrisia
Da lavra do jornalista político Robson Oliveira, em sua coluna, ele também criticou as autoridades do estado de Rondônia, pela omissão em relação às queimadas. Disse o colunista: “É impressionante o cinismo com que nossas autoridades estaduais tratam as questões ambientais. Depois que a população ficou sufocada com a fumaça que torna o ar irrespirável na capital e interior, e os hospitais abarrotados de doenças respiratórias, é que os governantes decretaram estado de emergência em razão dos incêndios criminosos. Todos sabem antecipadamente que em agosto o fogaréu toma conta dos céus de Rondônia, especialmente com fogo ateado em pastos”.
Mais hipocrisia 2
“Todos também sabiam que a seca deste ano seria severa, inclusive com prognósticos fornecidos às autoridades pelos órgãos ambientais, mas nada fizeram para conter as chamas que transformaram os céus rondonienses em cinzas. Absolutamente nada foi feito, seja preventivamente, seja ostensivamente, para que as queimadas não alcançassem índices tão exasperadamente altos. O decreto baixado mais de duas semanas depois que o fogo se alastrou, queimando a fauna e flora de parques, reservas e estações ecológicas, em nada minimizou os estragos ocorridos. Aliás, não há nesses governos negacionistas política de preservação, ao contrário, a omissão no combate firme aos crimes ambientais favoreceu o caos que estamos vivendo”.
Mais hipocrisia 3
“Ainda soam nos meus ouvidos as inúmeras críticas, todas depreciativas, contra o ex-governador Confúcio Moura que, no final do mandato, criou acertadamente algumas reservas ambientais em terras públicas, que pecuaristas e invasores de terra tomaram de assalto. O decreto editado não alcançou nenhuma propriedade particular, ao contrário, foram demarcadas em terras pertencentes ao estado. Nossos parlamentares chegaram a criar uma CPÌ para investigar essas reservas criadas pelo ex-governador, inclusive com ameaças judiciais que, ao final e ao cabo, foram inócuas em razão da legalidade. Não há uma única produção legislativa que proteja nossos mananciais, reservas e estações biológicas. Não basta queimar as florestas, eles precisam, para passar a “boiada”, queimar quem ousa defender o meio ambiente. Confúcio estava certo, hoje os céus de Rondônia provam quem errou. São tão arrogantes que nunca reconhecerão o erro”.
Euma Tourinho
Desde a campanha municipal de 2016, quando, em um debate na SIC TV, o atual prefeito Hildon Chaves afirmou em uma frase que “conhecia um corrupto com dois minutos de conversa”, e o fez falando ao seu concorrente Williames Pimentel (MDB), nenhum outro movimento de campanha eleitoral teve tanto impacto quanto o vídeo produzido pelo marketing da candidata Euma Tourinho e veiculado no início da semana.
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Tão logo veiculado, o vídeo produziu um efeito devastador no ambiente político de Porto Velho – inclusive no interior do próprio MDB. Os militantes do partido se dividiram meio a meio em relação ao efeito da publicidade, se positivo ou negativo para a sua candidata. O mesmo ocorreu entre as candidaturas citadas, em que vários deles se manifestaram, indignados, sobre o tom ofensivo empregado na peça de marketing. Todos, sem exceção, “esqueceram” a famosa frase de Hildon Chaves proferida no debate citado na primeira nota acima.
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De todos os candidatos, apenas as campanhas de Célio Lopes (PDT) e de Mariana Carvalho (UB) não reagiram à ofensiva de Euma Tourinho. Estes movimentos demonstram o profissionalismo da condução destas campanhas. Em campanhas com algum nível de profissionalização, “passar recibo” aos adversários é algo proibido.
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No entanto, o que mais me chamou atenção foi a repercussão – e a leitura – do vídeo entre os analistas políticos de Porto Velho. A indignação manifestada por alguns deles em relação ao tom “ofensivo” da peça sugere que as campanhas eleitorais em Porto Velho são realizadas em mosteiros ou seminários. E, também estes, mais uma vez, esquecem a frase de Hildon Chaves já citada acima. E o mais grave e preocupante para quem se auto afirmam letrados em campanhas políticas: ignoram que a candidata do MDB é juíza experiente e certamente avaliou todos os riscos – e palavras – envolvidos na produção.
Moral da história
O eleitor portovelhense é difícil. Se você não cavar um pênalti, não faz gol.
Breakfast
Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político
Informações para a coluna: [email protected]
Acesse também: Patrulha Verde