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domingo, agosto 31, 2025

Estudo revela impacto modesto das bets no orçamento familiar e gera debate sobre Bolsa Família

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) divulgou um estudo conduzido pela LCA Consultoria Econômica, abordando o impacto das apostas esportivas online no Brasil. O relatório surge em meio a um crescente debate sobre a regulação do setor, especialmente em relação ao impacto financeiro nas famílias brasileiras, incluindo a participação de beneficiários do programa Bolsa Família.

De acordo com os dados fornecidos pela LCA Consultoria, as apostas representam apenas uma pequena fração do consumo total do orçamento das famílias brasileiras, variando entre 0,2% e 0,5%. Em termos de Produto Interno Bruto (PIB), a contribuição desse setor é ainda mais modesta, ficando entre 0,1% e 0,3%. Embora as apostas esportivas estejam em crescimento no país, o estudo conclui que, até o momento, não há sinais de que essas atividades estejam comprometendo significativamente as finanças das famílias.

O IBJR destaca a importância de monitorar o desenvolvimento desse setor, que, apesar de sua expansão, ainda não demonstrou gerar endividamento relevante para a população. Mesmo assim, as apostas continuam a oferecer entretenimento e a contribuir para a economia do país.

No entanto, o relatório do IBJR não foi divulgado isoladamente. Um estudo do Banco Central (BC), que revelou que beneficiários do Bolsa Família teriam movimentado cerca de R$3 bilhões em apostas online via Pix em agosto de 2024, gerou enorme repercussão e levantou preocupações tanto na imprensa quanto no meio político.

Essa situação provocou uma série de discussões sobre a viabilidade de proibir ou limitar o uso dos recursos do programa em apostas. Membros do governo federal, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reuniram-se para avaliar medidas para combater o endividamento das famílias com jogos de azar. A ideia de bloquear o uso do cartão Bolsa Família para apostas, inicialmente discutida, foi adiada após análise.

Estigmatização dos beneficiários do Bolsa Família

Embora as apostas online sejam uma forma crescente de entretenimento para a população, a proibição do acesso aos beneficiários do Bolsa Família levanta questões delicadas sobre preconceito e estigmatização. O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que não é razoável demonizar os beneficiários do programa por participarem de jogos de azar. De fato, muitas das alegações envolvendo o uso de recursos do Bolsa Família em apostas podem ser inflacionadas por práticas ilícitas, como a lavagem de dinheiro, na qual CPFs de beneficiários são usados por organizações criminosas.

A decisão de adiar medidas restritivas visa evitar preconceitos contra uma parcela da população que já enfrenta dificuldades econômicas. Estigmatizar essas pessoas, tratando-as como irresponsáveis ou incapazes de gerenciar seus próprios recursos, pode ser uma atitude preconceituosa e ineficaz. Além disso, o estudo do IBJR sugere que o impacto financeiro das apostas, mesmo para os beneficiários do Bolsa Família, pode não ser tão significativo quanto inicialmente se temia.

A regulação dos jogos online

Outro ponto relevante é a movimentação do governo para regularizar o setor de apostas online. A partir de 11 de outubro, cerca de dois mil sites irregulares de apostas serão retirados do ar, e a Polícia Federal intensificará suas investigações sobre práticas ilegais associadas às apostas, incluindo lavagem de dinheiro. Essas ações visam criar um ambiente mais seguro e regulamentado para os jogadores, garantindo que os recursos apostados voltem, em parte, para o mercado nacional por meio de tributos e contribuições legais.

A regulamentação do setor é um passo importante para promover o jogo responsável. No entanto, excluir grupos sociais das oportunidades de participar pode ser visto como uma medida discriminatória. Ao invés de uma proibição total, o foco deveria estar em promover a educação financeira e o jogo responsável para todas as classes sociais, evitando estigmatização.

Além da educação financeira, é fundamental que os operadores de cassinos também eduquem seus jogadores sobre o funcionamento dos jogos. Explicar termos e conceitos como odds, RTPs, RNGs e a volatilidade dos principais jogos de cassino ajuda a evitar que os jogadores apostem grandes quantias sem entender completamente como esses jogos operam.

Uma pesquisa recente da KTO, um dos maiores cassinos online do Brasil, revelou que os melhores jogos de cassino, como Fortune Tiger, mantém alta popularidade mesmo não sendo os que oferecem os maiores RTPs (62%). Isso reflete a tendência dos brasileiros de preferirem jogos mais divertidos e envolventes, em vez de focar apenas nas maiores chances de vitória, o que também abre espaço para promover o jogo responsável em um mercado de jogadores que, em grande parte, já adotam uma postura de autorresponsabilidade.

Conforme o setor de apostas continua a crescer no Brasil, é essencial que as políticas públicas sejam pautadas em dados concretos e em uma análise criteriosa da realidade socioeconômica da população. Decisões precipitadas, baseadas em preconceitos ou em informações distorcidas, podem agravar desigualdades e marginalizar ainda mais as pessoas que dependem de programas sociais.

Em vez de uma proibição que pode marginalizar uma parcela já vulnerável, a educação financeira e sobre o jogo é o caminho essencial para o bom funcionamento do mercado de iGaming. O governo brasileiro, por meio de suas ações e debates, precisa equilibrar a proteção dos cidadãos com a liberdade de escolha, promovendo um ambiente justo e seguro para todos os jogadores.

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