Na tarde de quarta-feira, 2 de julho de 2025, uma operação policial no bairro Caí N’Água, região central de Porto Velho, culminou na morte de sete suspeitos em um confronto armado com a Polícia Militar de Rondônia.
Inicialmente, a corporação informou que oito pessoas haviam morrido, mas, na manhã de quinta-feira, 3 de julho, a informação foi corrigida: sete suspeitos foram mortos, e o oitavo, identificado como Antônio Ociolando Rodrigues de Menezes, de 34 anos, permanece internado no Hospital João Paulo II.
A operação, conduzida por equipes do Batalhão de Policiamento Tático de Ação e Reação (BPTAR) com apoio de setores de inteligência, foi marcada por intensa troca de tiros e resultou na apreensão de armas, munições e drogas. O caso está sob investigação, levantando questões sobre a atuação de facções criminosas na capital rondoniense.
De acordo com o comandante da Polícia Militar, coronel Régis Braguin, a operação teve início após informações de inteligência indicarem que um grupo ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) estava reunido em uma residência no Beco São João, bairro Triângulo, próximo à região de Caí N’Água.
O grupo, composto por cerca de 11 homens, celebrava o primeiro aniversário da morte de um integrante conhecido como “Rauney do PCC”, executado em 2024, e, segundo a PM, planejava possíveis ataques contra membros de uma facção rival. Ao perceberem a aproximação das equipes policiais, os suspeitos abriram fogo, desencadeando o confronto. Os sete suspeitos mortos foram identificados como:
- Leandro de Castro Ferreira: Monitorado pelo PCC, com passagens por tráfico de drogas e falsidade ideológica.
- Edson Ribeiro da Costa Silva: Também monitorado pelo PCC, com histórico de tráfico.
- Alesson Marciao Carvalho: Com extenso histórico criminal, incluindo roubo, porte ilegal de arma e tráfico, era suspeito de envolvimento em pelo menos 30 homicídios, tendo assumido a autoria de 20.
- Paulo Ricardo de Souza Mesquita: Foragido, apontado como um dos líderes do PCC na região, com passagens por porte de arma, tráfico de drogas e suspeita de envolvimento em diversos homicídios, incluindo a decapitação de um jovem em 2020 e o assassinato de um motoboy.
- Yago Henrique Almeida dos Santos: Passagens por homicídio, roubo e tráfico.
- Vinícius Gustavo Silva de Souza: Registro de crimes como atentados, tráfico e roubo.
- Richard Andrei Pereira da Silva Santana: Foragido, com passagens por roubo, ameaça e porte de arma.
O oitavo suspeito, Antônio Ociolando Rodrigues de Menezes, que sobreviveu ao confronto, tem passagens por roubo, lesão corporal, violência doméstica, ameaça, furto e envolvimento em atentados. Ele segue internado no Hospital João Paulo II, sob custódia.
Durante a operação, a PM apreendeu oito armas de fogo, incluindo pistolas, revólveres e garruchas, todas com numeração suprimida, além de dois tabletes de maconha, munições e R$ 319 em dinheiro.
Contexto da operação
A ação policial foi planejada com base em informações de inteligência que monitoravam as atividades do grupo criminoso. Segundo o coronel Wilton Nascimento Amorim, que comandou a operação, os suspeitos estavam reunidos em uma casa monitorada, onde articulavam ações violentas planejadas para os dias seguintes.
A PM montou um cerco estratégico em três pontos ao redor da residência, mas, antes da conclusão da manobra, os suspeitos iniciaram os disparos. Mesmo feridos, alguns tentaram fugir por uma área de mata, continuando a atirar contra os policiais. Todos os baleados foram socorridos e encaminhados ao Hospital João Paulo II, mas sete não resistiram aos ferimentos.
A operação também resultou na fuga de três outros suspeitos, que seguem sendo procurados pela Polícia Militar. Todo o material apreendido foi encaminhado à Central de Polícia para registro e continuidade das investigações, que buscam esclarecer a extensão das atividades criminosas do grupo e sua conexão com o PCC.
Cenário de violência em Porto Velho
O confronto no bairro Caí N’Água ocorre em um contexto de intensificação da violência ligada ao crime organizado em Porto Velho. Nos últimos meses, a capital rondoniense tem enfrentado uma onda de conflitos entre facções criminosas, com registros de homicídios, ataques a tiros e queima de veículos.
Em janeiro de 2025, por exemplo, a cidade viveu dias de tensão após o assassinato do cabo da Polícia Militar Fábio Martins, no condomínio Orgulho do Madeira, em um ataque atribuído a uma facção em retaliação a operações policiais.
Desde então, a PM intensificou operações em áreas dominadas pelo crime organizado, resultando em prisões, apreensões e novos confrontos.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Rondônia, somente no primeiro quadrimestre de 2025, as forças de segurança apreenderam mais de 1,5 tonelada de drogas no estado, incluindo 718 kg de cocaína e 872 kg de maconha, números que refletem o combate aos crimes transfronteiriços. A presença de facções como o PCC e o Comando Vermelho tem desafiado as autoridades, que contam com reforços como a Força Nacional, enviada ao estado em janeiro para conter a escalada de violência.
Repercussão e próximos passos
A operação no bairro Caí N’Água gerou repercussão nas redes sociais e na imprensa local. Em postagens no X, usuários destacaram a gravidade do confronto, com relatos sobre a ação policial e a identificação dos suspeitos. A página @submundodocrime, por exemplo, informou sobre a morte de sete integrantes do PCC, enquanto outras detalharam a operação e a correção no número de mortos.
A comunidade local, por sua vez, expressa preocupação com a segurança na região, que já foi palco de outros episódios violentos. As investigações seguem em andamento para determinar as circunstâncias do confronto e identificar possíveis ramificações do grupo criminoso. A Polícia Civil também apura a ligação dos suspeitos com outros crimes na capital, como homicídios e tráfico de drogas. A PM reforçou o patrulhamento na região e mantém diligências para localizar os três suspeitos que escaparam durante a operação.
O caso levanta debates sobre a segurança pública em Rondônia e o combate ao crime organizado, em um momento em que Porto Velho enfrenta desafios para conter a atuação de facções. A operação no Caí N’Água, embora tenha resultado na neutralização de um grupo criminoso, também reforça a necessidade de estratégias integradas para enfrentar a violência e garantir a segurança da população.
Com informações do Painel Político