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Porto Velho
quarta-feira, julho 16, 2025

O centro histórico de Porto Velho não pode morrer

Por Édson Silveira

É doloroso — e inaceitável — ver o coração histórico de Porto Velho agonizando diante dos olhos de todos. Os prédios que um dia foram símbolo da força institucional, política e cultural do nosso estado hoje jazem como esqueletos esquecidos, abrigando o abandono, a marginalidade e a omissão do poder público. O centro histórico da capital de Rondônia está morrendo — e parece que ninguém quer enxergar.

O Palácio Getúlio Vargas, que abrigou decisões cruciais para o futuro de nosso povo e foi sede do Governo do Estado de Rondônia até pouco tempo, hoje se encontra praticamente abandonado. À noite, torna-se território do abandono urbano e social, tomado pela escuridão e pela insegurança. É inadmissível que um símbolo tão importante da nossa história institucional esteja entregue ao descaso.

Em frente à catedral, a antiga sede da Prefeitura, um prédio imponente e cheio de história, parece apenas uma lembrança esquecida em meio ao descaso. O antigo prédio da Prelazia, onde funcionou por décadas o tradicional Colégio Dom Bosco e, mais recentemente, a Universidade Católica, se encontra abandonado, em estado de desuso, estando disponível para aluguel há algum tempo, sem que se vislumbre qualquer iniciativa concreta para seu reaproveitamento.

Até mesmo o prédio da UNIR Centro, que deveria representar o epicentro acadêmico da universidade federal em Porto Velho, apresenta hoje uma aparência de completo abandono, contrastando com sua importância simbólica e administrativa. Em seu entorno, o comércio da Sete de Setembro se assemelha a um cemitério de estabelecimentos comerciais fechados — um cenário melancólico que assombra quem ainda sonha com um centro urbano vivo e pulsante.

Esse abandono não é apenas urbanístico. É simbólico. É um reflexo da falta de projeto, de sensibilidade e de visão dos gestores públicos que se sucedem e tratam o centro da cidade como um fardo. Mas não precisa — e não deve — ser assim.

O Prefeito Léo Moraes e sua equipe, especialmente a Secretaria Municipal de Planejamento e a de Cultura, precisam agir com urgência. Não se trata apenas de estética urbana, mas de identidade, desenvolvimento e justiça social. É inadmissível que entes públicos sigam gastando milhões em aluguéis enquanto prédios históricos e públicos apodrecem à espera de uso. Um plano de revitalização precisa ser construído com seriedade e com metas definidas: transformar o centro histórico de Porto Velho em um polo de cultura, lazer, educação e serviços públicos.

A cidade precisa resgatar sua alma. A revitalização desses espaços pode representar um renascimento coletivo: transformar prédios abandonados em bibliotecas, centros culturais, polos de inovação, secretarias, repartições públicas, espaços de convivência e educação. E isso não precisa ser feito sozinho. Parcerias com universidades, entidades culturais, investidores locais e até organismos internacionais de preservação patrimonial podem — e devem — ser articuladas.

A revitalização do centro histórico de Porto Velho é mais do que possível: é necessária, urgente e estratégica. É hora de virar a chave. Chega de abandono. Precisamos devolver vida, dignidade e funcionalidade a esses espaços. Que os gestores atuais tenham a coragem e a visão que o momento exige. E que a população pressione, participe e acompanhe. Porto Velho merece ter orgulho do seu centro novamente.

Édson Silveira é advogado, professor, administrador e vice-presidente estadual do PT/RO.

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