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quarta-feira, agosto 6, 2025

Garimpo ilegal provoca nova onda de destruição na região do Rio Madeira

O Rio Madeira, um dos principais afluentes do Amazonas, tornou-se novamente palco de uma explosão de garimpo ilegal. Em sobrevoo realizado no dia 19 de julho de 2025, o Greenpeace Brasil flagrou 542 balsas de garimpo operando intensamente ao longo do leito do rio, distribuídas em 22 pontos entre Calama (RO) e Novo Apuranã (AM). As embarcações, utilizadas para dragar o fundo do rio em busca de ouro, estavam posicionadas perigosamente próximas a áreas ambientalmente protegidas, como a Reserva Extrativista Lago do Cuniã e a Terra Indígena Lago Jauari.

As imagens registradas integram um amplo esforço de monitoramento desenvolvido pela organização ambiental, com o uso de tecnologia avançada. Segundo o Greenpeace, o número de balsas representa um aumento de 316,92% em relação aos dados de fevereiro deste ano, quando foram contabilizadas 130 embarcações. Até junho, o número já havia saltado para 285, e apenas um mês depois mais do que dobrou, atingindo a marca atual. A escalada revela um ritmo preocupante de intensificação da mineração ilegal na região.

O flagrante só foi possível graças à atualização da plataforma de inteligência Papa Alpha, utilizada pelo Greenpeace Brasil. A ferramenta, que se baseia em imagens de radar fornecidas pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia, permite identificar estruturas metálicas mesmo em condições adversas de visibilidade, como nuvens densas e cobertura florestal fechada. Com isso, é possível gerar alertas quase em tempo real sobre movimentações suspeitas relacionadas ao garimpo.

Além do Rio Madeira, a organização planeja expandir o uso do sistema para outros importantes rios amazônicos, como o Tapajós e o Teles Pires, também fortemente afetados pela atividade garimpeira. O objetivo é fortalecer o mapeamento contínuo dessas áreas e oferecer subsídios técnicos para ações de fiscalização ambiental.

Para o porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Grégor Daflon, a situação exige uma resposta imediata por parte das autoridades. “Cada balsa ilegal significa mercúrio nos rios, florestas destruídas e vidas ameaçadas. Estamos falando de uma atividade criminosa que não apenas devasta o meio ambiente, mas também deteriora a qualidade da água e contamina os peixes da região, impactando diretamente as comunidades que dependem desses recursos”, alertou.

Daflon reforça que o uso de tecnologias como a Papa Alpha representa um avanço decisivo para enfrentar o problema: “Sabemos onde estão as balsas, quando chegam e como se movem. Isso é um passo decisivo para responsabilizar os culpados e pressionar as autoridades a tomar uma atitude à altura da destruição em curso”.

Os dados coletados estão sendo repassados pelo Greenpeace a órgãos de controle e fiscalização, como o Ministério Público, o Ibama e a Polícia Federal. A intenção é acelerar o processo de responsabilização dos envolvidos e fomentar uma resposta governamental mais firme diante do avanço do garimpo ilegal, que continua ameaçando ecossistemas frágeis e comunidades tradicionais da região amazônica.

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