Após 16 anos desde o lançamento da ideia inicial, Rondônia vive um momento histórico com a inauguração do Centro de Saúde e Clima da Fiocruz Rondônia e de novas instalações que elevam o estado a um novo patamar de pesquisa científica na Amazônia. A entrega de laboratórios modernos e a ampliação da estrutura fortalecem a ciência e a saúde pública na região.
“Essa luta vem de longe. A vida não anda em linha reta”, resumiu o senador Confúcio Moura (MDB-RO), um dos principais responsáveis por transformar o projeto em realidade.
Confúcio relembrou que, ainda nos anos 1980, como secretário estadual de Saúde, buscou apoio da Universidade de São Paulo (USP) e, mais tarde, como governador, ajudou a consolidar a Fiocruz em Rondônia e o próprio Sistema Único de Saúde (SUS) no estado. Para ele, o novo centro vai além das descobertas científicas e posiciona Rondônia como referência nacional na formação de especialistas e na adaptação da saúde pública aos desafios climáticos.
A nova sede também carrega forte simbolismo. O projeto arquitetônico foi doado por Oscar Niemeyer à Fiocruz-RO. A obra enfrentou duas paralisações e só agora foi concluída, consolidando um sonho iniciado ainda na década de 1970.
Ciência, clima e quem mais precisa
Durante a cerimônia, foi destacado que R$ 9,8 bilhões serão investidos em ações para adaptar o SUS às mudanças climáticas em todo o país. Os efeitos recaem principalmente sobre as populações mais vulneráveis, e o Ministério da Saúde já trabalha na reorganização da formação de profissionais para enfrentar secas, enchentes e doenças emergentes.
Confúcio também lembrou a chegada do cientista Luiz Hildebrando Pereira a Rondônia, após anos de exílio na França, como um marco para a pesquisa em doenças endêmicas, como a malária.
“Foi ali que formamos nossos primeiros cientistas. A educação e a pesquisa são forças capazes de transformar qualquer realidade”, afirmou.
Padilha e a conexão com a Amazônia
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, compartilhou experiências pessoais que fortaleceram sua ligação com a Amazônia.
“Alguma coisa aconteceu que me conectou definitivamente com a Amazônia Brasileira”, contou, ao lembrar viagens por rios e comunidades isoladas.
Padilha destacou que mais de 60% da população mundial já sofre os impactos diretos de secas e enchentes extremas, com reflexos na saúde. Relembrou ainda o período em que o Brasil registrava cerca de 1 milhão de casos de malária, nos anos 1990.
“Foi essa Amazônia que conquistou a Fiocruz. E hoje temos um presidente que mais investe em ciência e saúde na região”, afirmou.
Uma conquista para Rondônia e para o Brasil
Localizada no km 3,5 da BR-364, no bairro Cidade Jardim, a nova sede da Fiocruz-RO consolida décadas de esforço coletivo. Confúcio Moura foi lembrado por sua atuação constante desde as negociações em Brasília até a defesa política do projeto.
O centro integra pesquisadores, servidores e infraestrutura de ponta, com resultados que beneficiam a Amazônia e o país. Doenças como dengue e chikungunya avançam globalmente, e o Brasil assume papel de liderança ao colocar o tema clima e saúde no centro do debate internacional.
O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, destacou as parcerias e afirmou que o Brasil já é referência na área.
“Esse centro fortalece uma articulação poderosa, em escala nacional e global”, disse.
Representando a Universidade Federal de Rondônia (UNIR), a professora Marília Pimentel reforçou a parceria entre as instituições.
“Somos instituições irmãs, comprometidas com o ensino, a pesquisa e a extensão”, destacou.
A inauguração do Centro de Saúde e Clima da Fiocruz Rondônia marca mais do que a conclusão de uma obra: consolida uma visão de futuro em que ciência, saúde pública e Amazônia caminham juntas.



