PORTO VELHO- Em tempo do alastramento da Covid-19 no Brasil e no mundo, especialistas buscam soluções para o pós-pandemia. Não será fácil para os governantes administrarem o caos que virá, pois além da tragédia das mortes, virá algo pior para os que sobreviverem: uma recessão econômica nunca vista em tempos modernos. O desemprego em massa levará muita gente ao desespero. É disso que fala o ex-secretário de Planejamento de Rondônia, George Braga na estreia do canal Guia e Gestão. Veja o vídeo no final da resenha abaixo:
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Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda” Freud, Sigmund
Como sobreviver ao vírus? Quais as consequências ? Leio sobre o passado para entender o presente e tentar prever esse deus louco que é o futuro. Mas quase nada é novo. Tudo se repete, claro que com mudanças, mas o cerne é o mesmo. Muitas vezes o mal traz o bem de algumas formas: Na idade média, no período da transição, Boccaccio escreve Decameron, que significa dez jornadas, onde um grupo de sete moças e três rapazes se isolam a fugir da peste negra e escrevem contos de amor, eróticos e trágicos, vindo a marcar a saída da escuridão do homem medieval. Já em relação às teorias sobre a origem da caipirinha, durante a gripe espanhola no brasil, existem várias. Mas prefiro ficar com aquela que diz que durante o surto da gripe espanhola, aqui em terras tupiniquins, o brasileiro, como uma forma de evitar contrair a doença, fazia um mexido de limão, alho e mel e acrescentava álcool, este para fazer efeito mais rápido. Quando acabou o álcool, colocaram a cachaça e retiraram o alho e mel, acrescentando, ao final, o açúcar, e diz a lenda que aí nasceu a caipirinha. Não esquecer que essa doença (gripe espanhola) foi tão forte e isonômica que levou a vida de nosso então Presidente da República, Rodrigues Alves.
Depois, na primeira e segunda guerras mundiais, os agrotóxicos, uma descoberta da primeira guerra, foram utilizados como arma química na segunda. Embora hoje, se utilizado em níveis demasiados, demonstre ser agressivo ao ser humano, à época, a descoberta de poder livrar a humanidade de todas as pestes e pragas da lavoura foi bem propagada e largamente aceita. Somente depois, com o aprofundamento dos estudos científicos, saberíamos de suas possíveis consequências para a saúde do homem e do meio ambiente. Esses são apenas alguns exemplos de sofrimento e descobertas sobre os quais o tempo vem dizendo algo. E a verdade é que, para nós, é muito difícil trocar hábitos. Mudar modelos de gestão ou de vida.
Somente uma guerra, uma doença grave ou uma grande descoberta pode abreviar isso, circunstância que me parece acontecerá, mais à frente, com o serviço público em suas diversas esferas (federal, estadual e municipal). Olhando mais à frente, depois que passar essa crise do coronavírus, vamos perceber que muitos dos servidores podem trabalhar e produzir em casa. Vamos perceber, talvez, que muitos desses servidores, pela própria natureza técnica de seus trabalhos via sistemas informatizados, produzem mais, melhor, com mais felicidade e mais barato que no seu ambiente normal de trabalho. Isso, claro, desde que se imponha uma métrica, prazos pré estabelecidos, metas claras e condutoras. Planejar, agir, controlar e corrigir, rodar o que se chama, no âmbito administrativo, de ‘PDCA’. Se o Estado agir assim, seremos mais e melhor atendidos.
A permanecer esse trabalho na casa do servidor, alguns bilhões de reais podem ser economizados pelos Estados, municípios e União, pois a construção e manutenção de prédios públicos, assim como despesas com aluguéis, contratos de vigilância, limpeza, água, energia, combustível, telefone, internet e outros insumos não ocorreria mais, uma vez que, ao final, terminariam ficando por conta dos servidores. Assim, penso que se o Estado agir com controle do trabalho, da produtividade e qualidade nesse novo modelo, poderemos passar para um outro nível de atendimento e toda a economia de alguns bilhões poderá ser voltada para infraestrutura, saúde, educação e segurança, problemas crítico desse nosso imenso e lindo Brasil.
É óbvio que algumas profissões não poderão ser desenvolvidas por home office ou teletrabalho, como ações de médicos, enfermeiros, algumas ações do advogado, cuidadores de crianças e idosos etc, mas naquilo que puder ser feito, o Estado deve assim proceder na gestão pública, primando pela economia, rapidez e qualidade dos serviços prestados. Assim sendo, mesmo com essa pandemia, após o término do ciclo da doença, penso que esse modelo de trabalho poderá ser a principal mudança do serviço público brasileiro. Esse ‘virar de chave’ pode mudar o hábito e a forma de vivermos e trabalharmos. Para sempre? O tempo dirá.
Fonte: Mais RO