A “desinauguração” da nova rodoviária de Porto Velho foi uma medida imposta ao Léo Moraes pelo laudo técnico do CREA
Não restou ao prefeito que toma posse hoje, 1º de janeiro, outra alternativa que não fosse “desinaugurar” a nova Rodoviária, cumprindo laudo técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RO), que alertou no início de dezembro último que obra levaria aproximadamente mais quatro meses para ser concluída. Passando “por cima de tudo e de todos” o ex-prefeito Hildon fez uma pirotécnica “inauguração” menos de 30 dias depois, mandando às favas as conclusões da engenharia oficial.
A “inauguração” da obra inacabada da nova rodoviária da Capital pode entrar para o rol das anedotas politicas da próxima década, em que Hildon Chaves poderá ser comparado ao icônico personagem da novela “O Bem Amado”, o prefeito de “Sucupira” Odorico Paraguaçu, que tinha uma verdadeira obsessão: inaugurar sua principal obra, um cemitério ‘novinho em folha’. Em Sucupira ninguém morria para se fazer a inauguração, aqui em Porto Velho parece que morreu a lógica e o bom senso, terminando por se inaugurar no apagar das luzes da gestão, de forma atropelada e de qualquer jeito, uma obra inacabada.
Na primeira quinzena do último mês de dezembro este pretenso colunista publicou um artigo alertando que “Contrariando a lógica e o bom senso, principalmente um contundente laudo técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RO), conclusivo de que a obra não está pronta e segura” o então prefeito Hildon Chaves pretendia “atropelar qualquer racionalidade que se interpuser entre ele e sua obsessão: inaugurar uma Rodoviária que não vai poder funcionar por meses”.
Após o contundente laudo do CREA e decisão do Tribunal de Contas, contrários à inauguração precipitada, o prefeito conseguiu às 17h31 do dia 30 de dezembro, no Tribunal de Justiça de Rondônia, uma decisão que permitiu a inauguração, literalmente “aos 45 minutos do segundo tempo”. Todavia, a respeitável decisão judicial não soluciona os impedimentos técnicos apontados pelos engenheiros do CREA.
Publicado na página do Órgão na internet, no link https://www.crearo.org.br/gerais/institucionais/crea-ro-emite-laudo-tecnico-e-conclui-que-rodoviaria-de-porto-velho-nao-esta-pronta-para-inauguracao/ o laudo técnico apontou que “A principal preocupação da fiscalização foi avaliar as condições das instalações elétricas e do sistema de climatização, verificando a conformidade com as normas técnicas e identificando possíveis falhas, como a instalação inadequada da cabine primária de energia e dos painéis de distribuição. Durante a inspeção, foram detectados vários problemas, entre eles a falta de conclusão das instalações elétricas, ausência de cabos de alimentação e a obstrução de caixas de hidrantes, o que representa risco à segurança dos usuários”.
Na mesma publicação consta que “A conclusão da vistoria aponta que a obra poderá estar operacional para os usuários em um prazo mínimo de 120 dias, permitindo que a Rodoviária funcione de maneira integral e segura”. Os engenheiros do órgão fiscalizador apontaram ainda que “Com base na vistoria realizada, o Crea-RO emitiu um ofício direcionado ao Ministério Público de Rondônia (MP) e ao Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE), informando as previsões de prazos para as correções das pendências identificadas”.
Conclui-se que a decisão do prefeito Léo Moraes não foi uma escolha política para alfinetar o ex-prefeito, mas uma imposição técnica para resguardar a segurança da população na nova Rodoviária.
* Itamar Ferreira é advogado.