
O ex-candidato ao Senado Federal pelo PSOL, Aluízio Vidal, deixou o partido na semana passada e está em busca de nova agremiação tendo em vista as eleições de 2016. Ao se despedir do PSOL, Vidal escreveu uma carta lamentando a saída e a contínua busca por uma sociedade mais justa. Ele não deixou claro mas, deverá buscar um partido maior, com mais possibilidades de eleição, mesmo que para isso tenha que lançar mão de “uma coerência ideológica”. Mais adiante da carta de despedida, ele dá uma dica do que há por vir: “esses compromissos permanecerão independente do partido que vou”, ou seja, poderá ingressar até no PMDB, partido que apoiou no segundo turno das eleições de 2014.
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA:
Em 2005 imaginei que o projeto da esquerda brasileiro estava caminhando por uma trilha perigosa e que poderia colocar em risco os nossos sonhos. Pensei que essa trilha poderia submeter-nos à chantagem política dos partidos que se colocam sempre à disposição de qualquer governo,mas que exigiriam sacrifícios do projeto de conquistas da classe trabalhadora. Nesse contexto, sob a liderança da aguerrida senadora Heloísa Helena, em nível nacional, e pelo Professor Adilson Siqueira, em nível estadual, senti-me motivado a filiar-me ao PSOL e continuar em direção à utopia de uma sociedade mais justa, fraterna e que, principalmente, prioriza a vida em relação ao lucro.
Ainda que no princípio sonhasse em ser burocrata do PSOL, por necessidade deste, fui convidado a disputar eleições e gostei muito de participar das discussões, de propor soluções plausíveis, de contatar e ouvir as pessoas, de fazer campanha de modo simples, objetivo e livre das manipulações que tanto caracterizam a política brasileira. Na última eleição, porém, já encontrei, por conta das disputas internas, inclusive nacionais, alguma dificuldade em conseguir espaço para me candidatar e, com o decorrer da campanha, descobri que o PSOL caminha de modo cada vez mais sólido com suas propostas,enquanto já não comungo com algumas delas.
Assim, para deixar os militantes locais mais à vontade na defesa dessas propostas e o PSOL continuar crescendo como tem feito, resolvi conversar no mês de janeiro com a liderança local, em fevereiro solicitei meu desligamento da vice-presidência da executiva municipal e no mês de março solicitei minha desfiliação.
Confesso aqui a dor da despedida daqueles e daquelas que me trataram com extremo carinho e respeito, ainda que com algumas discordâncias, porque me era muito agradável militar com pessoas que sabem o que acreditam, lutam por democracia e por justiça social e procuram fazer de modo correto aquilo que creem ser o correto. Por isso, registro meu respeito, meu carinho e meu desejo de que continuem se dispondo ao bem da sociedade brasileira. Agradeço pelas oportunidades que me foram dadas de representar o partido nas campanhas e a cada militante que se dispôs a ir às ruas e fazer campanha com meu nome.
Quanto à mim, entro num período de reflexão, reafirmo meu compromisso com o ideal de lutar incondicionalmente pela vida e pela natureza, pelos mais fragilizados na escala social, por educação, por cidades para as pessoas, e não o contrário, e por uma forma de fazer política mais comprometida com a verdade e com o respeito pela coisa pública. Sei o quanto é difícil, nesse caldo partidário que temos, ter e manter alguma coerência ideológica, contudo, esses compromissos permanecerão independente do partido que vou, se é que vou.
Portanto, agradeço mais uma vez e espero continuarmos sonhando os sonhos comuns que fazem bem à vida.
Aluízio Vidal