Durou horas a negociação entre os representantes do governo de Rondônia e os líderes da manifestação que bloqueou na manhã desta segunda feira, 17, a BR-364, em Candeias do Jamari. O chefe executivo do gabinete civil do governo, Waldemar Albuquerque, intermediou as negociações e o trecho foi liberado depois que os manifestantes receberam a garantia de seriam atendidos em uma audiência. Também foi garantido ao grupo, a expansão do programa mais médicos até a região da usina de Samuel, onde residem cerca de duas mil famílias.
Cerca de 300 atingidos pela Usina Hidrelétrica de Samuel, organizados no MAB, bloquearam ontem a BR 364 desde as 6 horas a fim de encaminhar uma negociação com o governador do Estado de Rondônia, Confúcio Moura,INCRA, Eletronorte e governo Federal.
Os atingidos da Usina Hidrelétrica de Samuel foram expulsos da beira do Rio Jamari há 30 anos. As famílias foram para áreas que hoje formam dois municípios e um distrito, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste e Triunfo, respectivamente. Há uma enorme dívida social com os atingidos: mais de mil famílias ainda permanecem sem terra; há falta ou baixa qualidade de energia elétrica; problemas de saneamento com a elevação do lençol freático; falta de infra-estrutura para a produção camponesa, além da falta de acesso a direitos básicos como saúde e educação.
A Usina de Samuel foi construída em período de ditadura militar, onde a população atingida foi expulsa sem receber seus direitos. Desde então as famílias seguem a luta para recuperar os direitos negados. A população denuncia ainda que a ditadura nas barragens segue.
A luta dos atingidos pela barragem de Samuel faz parte da Jornada Nacional de Lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens e é solidária aos atingidos pelas Usinas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, onde só em Porto Velho há mais de 12.000 pessoas desabrigadas e mais de 100.000 sem acesso à água potável.
Em Março de 2011, após uma manifestação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Itapuã do Oeste, o Governo do Estado se comprometeu em criar uma mesa de diálogo com o movimento. Afirmou ainda que esta seria um canal aberto de contato com o movimento, assegurando que resolveriam as pendências do Estado articulando o que fosse necessário para ser tratado com o Governo Federal. Passaram-se 3 anos e não existiu avanços na pauta dos atingidos. O secretário chefe de gabinete do Governo do Estado de Rondônia, Waldemar Albuquerque comprometeu-se em agendar uma reunião nos próximos dias.
Os governos estadual e federal ao insistirem em negar a responsabilidade nas usinas de Samuel e Rio Madeira, mais uma vez violam os direitos das populações atingidas pelas barragens. Enquanto as empresas de energia possuem lucros extraordinários com a venda da energia elétrica, a população esta pagando a conta injustamente.
Fonte: maisro.com/MAB/AC24horas