O planejamento com a escolha de datas, destino, reserva de orçamento, compra de passagens aéreas e definição de roteiro foi, por muito tempo, o passo a passo mais eficiente para garantir uma viagem tranquila. Mas, diante dos efeitos do aquecimento global, a agilidade em adaptar os planos se tornou um dos elementos fundamentais para realizar passeios em territórios nacionais e internacionais.
Os turistas que visitaram a Europa neste ano durante o verão foram surpreendidos com o cancelamento de passeios e o caos urbano gerado pelo aumento das temperaturas. Houve registro de incêndios florestais em regiões famosas de Portugal, França, Espanha, Itália e, até mesmo, Grécia. Além disso, no Reino Unido, rodovias e vias-férreas precisaram suspender a circulação de automóveis e trens, devido ao superaquecimento das superfícies.
As ondas de calor extremo durante o verão europeu têm contribuído para a queda do turismo local, sobretudo nos meses mais quentes. A pesquisa conduzida pela Comissão Europeia de Viagens confirma a queda de 10% na intenção dos europeus em passar as férias na área do Mediterrâneo. A interpretação aponta preferência para localidades com temperaturas tradicionalmente mais frescas, como a Irlanda.
Crise climática
As discussões sobre como o aquecimento global atinge a performance do segmento não começaram recentemente. Na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 25), realizada em 2019, a secretária-executiva Patricia Espinosa fez um alerta sobre os danos naturais nos destinos turísticos e as consequentes perdas sociais como desemprego e desesperança.
O aviso continua válido para a conjuntura atual. Afinal, existem cidades no Brasil e em demais países mundo afora que dependem, direta ou indiretamente, do fluxo de visitantes e do consumo investido na região, que envolve desde o transporte até as atrações, a hospedagem e alimentação. Em outras palavras, são locais onde a principal fonte econômica está associada com as atividades turísticas.
Com base nos indicativos de 2022 das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), responsáveis por reunir informações de 197 países, metade do grupo identificou o turismo como um setor importante para a economia nacional. Na sequência da análise, 64% mencionaram a necessidade de adaptar a prática, devido aos efeitos da crise climática, e 56% reconheceram o segmento como vulnerável.
Mudanças nos cenários paradisíacos
A elevação da temperatura global começou a destruir paisagens turísticas ou colocá-las em situação de vulnerabilidade. Em janeiro deste ano, a região francesa de Chamonix e a de Innsbruck, na Áustria, fecharam pistas de esqui, devido à falta de neve. Também tem-se registro de que a acidificação do oceano devastou recifes de corais nas ilhas da Malásia e do nordeste da Austrália. E, com o aumento do nível do mar, metade da superfície das Ilhas Salomão se perdeu, em comparação com imagens de 1943.
As medidas para reduzir o avanço do aquecimento são temas recorrentes nas conferências da ONU. Inclusive, em 2025, o Brasil sediará a COP30, que celebrará os 10 anos do Acordo de Paris, e há grande expectativa sobre os planos de resposta para a situação climática mundial. Enquanto as propostas não são implementadas, os turistas devem estar preparados para enfrentar dias de calor extremo em seus passeios.
A principal dica é manter-se hidratado e, sempre que possível, procurar o auxílio de um profissional formado em uma faculdade de nutrição, para montar um guia geograficamente personalizado com os pratos e as refeições mais indicados para desfrutar da gastronomia local, sem correr riscos de desidratação.