1. Há uma ilusão que se repete sistematicamente na política, que é imaginar que o sucesso na atividade privada cria as condições para que se importe ‘este ou aquele’ diretamente para um processo eleitoral. Importar para a política é sempre positivo e deixar que ‘este e aquele’ vivam nesse mundo, entendam a sua lógica e, com isso, possam vir a se candidatar a presidente e governador.
2. Mas quando se tenta fazer um atalho, importando ‘este ou aquele’ outsider, quase sempre ocorre uma frustração eleitoral. Os exemplos não são difíceis de achar. Um caso serve como exemplo geral pela sua importância. No auge de sua popularidade como empresário e unanimidade nacional, Antonio Ermírio de Moraes se lançou candidato a governador em 1986, usando o PTB como fachada.
3. Até o senador Fernando Henrique Cardoso se encantou com a hipótese, deixando de lado o candidato de seu partido, Orestes Quércia. Antonio Ermírio abriu na frente. E parecia um passeio, segundo as pesquisas. Afinal, S. Paulo iria ter como governador o quadro de gestão mais qualificado do Brasil. A imprensa o abraçou. As elites vibraram. O processo eleitoral avançou: debates, pesquisas, capilaridade política, desconfiança, críticas injustas… Afinal enfrentava Quércia e Maluf.
4. No final, Quércia passou de passagem e venceu com 40% dos votos. Ermírio despencou e ficou com quase 20%, um pouco acima de Maluf.
5. O processo eleitoral, ou seja, a campanha é uma guerra. Parafraseando –ao inverso- Clausewitz: A eleição é a guerra com outros meios. Ou copiando Sun Tsu, na “Arte da Guerra”: “Em poucas palavras, o que consiste a habilidade e a perfeição do comando das tropas é o conhecimento das luzes e das trevas, do aparente e o secreto. É nesse conhecimento hábil que habita toda a arte.”
6. Sempre que um partido se enfrenta à ausência de pré-candidatos competitivos nas eleições para presidente e governador, tenta uma saída mágica: um nome expressivo da sociedade de forma a buscar votos com o reconhecimento que tem. Um outsider. Isso é também –e certamente- ANTIPOLÍTICA. E quase nunca dá certo.
Fonte: Ex-Blog César Maia