Por Roberto Kuppê (*)
A sordidez de Moro
Revelações bombásticas e não contestadas, põe em cheque a justiça brasileira. O site investigativo The Intecept Brazil, revelou no domingo uma bomba e o ministro da Justiça Sérgio Moro terá que se explicar (e muito), além de ser demitido do cargo (aí é querer muito). Moro simplesmente comandou, orientou e atuou diretamente para a condenação de Lula, para, assim, tirá-lo do páreo das eleições de 2018, o que redundou na eleição de Jair Bolsonaro. Um escândalo de proporções e consequências inimagináveis. O assunto é tão sério que o Fantástico repercutiu o assunto que esta semana será tema das discussões no Congresso Nacional.
CPI da Lava Jato
As revelações põe em cheque também a Lava Jato que será objeto de uma CPMI. A Lava Jato que inspirou filmes e séries, pode ser simplesmente questionada após as revelações bombásticas do The Intercept. E, em qualquer país desenvolvido onde há justiça, o ministro Moro já teria sido afastado sumariamente. Sobre Lula, a questão é que não há nenhuma ligação do triplex de Guarujá com a corrupção na Petrobras. O processo foi montado para condenar Lula num complô sem precedentes.
Ministros alarmados
Ministros do Supremo Tribunal Federal ficaram alarmados com a publicação pela The Intercept Brasil das mensagens trocadas entre o então juiz Sérgio Moro –hoje ministro da Justiça– e a força-tarefa da Lava Jato. As mensagens revelam que Moro orientou investigações e poderia até ter antecipado informações para o procurador Deltan Dallagnol sobre os casos da Lava Jato.
Repercussão mundial
Com certeza o mundo já está sabendo das revelações de The Intercept. Repercussões nos principais jornais e sites mundiais e debates dos principais comentaristas políticos internacionais devem tomar o dia de hoje. As revelações tem o efeito de uma bomba atômica.
Entenda o caso
“Os conluios entre o juiz e os procuradores não podem ficar impunes, especialmente porque revelam a promiscuidade que caracterizou a relação entre esses representantes do sistema de justiça. À toda evidência, o CNJ, o CNMP e o Congresso Nacional têm a obrigação de instaurar imediato procedimento administrativo em face dos envolvidos, para investigar os supostos crimes cometidos”, diz a nota assinada por alguns dos principais juristas do Brasil. Leia abaixo a íntegra:
LAVA JATO GATE: Exige-se a Completa Investigação e Afastamento imediato dos Envolvidos
Estarrecedora a reportagem do site The Intercept: “Exclusivo: chats privados revelam colaboração proibida de Sergio Moro com Deltan Dallagnol na Lava Jato”, em que desnuda as relações da Operação Lava Jato, o conluio espúrio e ilegal entre o juiz Sergio Fernando Moro, atual ministro da justiça e os procuradores da república, especialmente Deltan Dalagnol.
As informações divulgadas nos documentos obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald e sua equipe dão razão ao que era voz comum e denúncias por parte dos investigados e de seus advogados, como também em boa parte do meio jurídico, que apontavam os métodos e ações midiáticas, em particular o atropelo ao devido processo legal, a restrição ao direito de defesa, o desrespeito às leis e à Constituição Federal.
A “República de Curitiba”, conforme comprova agora The Intercept, não passou de uma conspiração política, usando o judiciário apenas como pano de fundo, quando, na verdade, sempre foi uma ação política coordenada, sem escrúpulos e sem nenhum compromisso com o país e suas instituições republicanas. Nesse sentido, trata-se de um dos maiores escândalos nas Instituições Poder Judiciário e Ministério Público na era pós-1988, exsurgindo, da leitura dos documentos, o crime de lesa-pátria que levou o Brasil à enorme caos econômico, desorganizando empresas e setores da Economia.
A tática usada de intimidar acusados, suas famílias, seus advogados, construiu-se via mídia, que invariavelmente ouvia apenas a voz dos “justiceiros contra a corrupção”. Com esse poder ilimitado todos os poderes da república sofreram forte pressão, com seus representantes temerosos de reagir e serem sugados pela “lava jato”, que passou a ser sinônimo de condenação prévia, especialmente pelo uso das prisões preventivas, convertidas em cumprimento de pena antecipado, provada ou não a culpa do réu.
Enquanto o então juiz Sérgio Moro pedia “desculpas” ao Supremo Tribunal Federal por ter vazado, ilicitamente, as gravações de um diálogo entre a então Presidenta Dilma Rousseff e o ex-Presidente Lula, ao mesmo tempo trocava mensagens com integrante do Ministério Público Federal, dizendo: “não me arrependo do levantamento do sigilo. Era melhor decisão. Mas a reação está ruim” (sic).