Pecuária de Rondônia refém do cartel da carne liderado pelo JBS Friboi…
… enquanto todos os produtos, serviços e contratos estão com uma tendência de alta constante o preço a arroba do boi em Rondônia vai na contramão, despencando ladeira abaixo. O valor que já chegou a ultrapassar os R$ 140,00 atualmente está abaixo de R$ 115,00, preço que a médio e longo prazo pode comprometer seriamente a manutenção e/ou crescimento do rebanho rondoniense que é o oitavo maior do Brasil…
… interessante observar que nas prateleiras dos supermercados não houve qualquer redução, logo alguém está embolsando esse valor que está sendo retirado dos criadores. Por outro lado, o JBS Friboi fechou só este ano dois frigoríficos, um em Ariquemes demitindo 267 funcionários e outro em Rolim com 469 empregados que estão com as demissões suspensas judicialmente; sendo que o super poderoso frigorífico alegou falta de matéria prima…
… como isso é possível? um movimento simultâneo de queda de preço desta matéria prima e ao mesmo tempo falta dela contraria os mais elementares princípios de econômicos, pois é universalmente reconhecida, desde Adam Smith, que quanto menor for a oferta, no caso falta de matéria prima, maior deveria ser o preço…
… tal fato inusitado, suposta falta de matéria prima e queda no preço desta mesma matéria prima só está sendo possível devido a concorrência predatória que o JBS Friboi está fazendo em Rondônia, comprando ou inviabilizando a abertura/funcionamento de frigoríficos concorrentes, reduzindo drasticamente as plantas frigoríficas instaladas em Rondônia…
… em Ariquemes é bem emblemático o exemplo dessa atuação do JBS Friboi, pois lá o grupo adquiriu um frigorífico praticamente pronto para funcionar, que foi construído por uma cooperativa e manteve a unidade que poderia gerar empregos e impostos fechada. Posteriormente, agora no primeiro semestre de 2015 o JBS fechou sua própria unidade, justamente na região que tem o maior rebanho no Estado…
… o mais grave de tudo isso é que o JBS Friboi condena determinadas regiões a não ter outros frigoríficos, como será o caso de Ariquemes e Rolim, onde eles fecharam mas mantiveram toda a planta instalada pronta para entrar em operação a qualquer momento. E quando seria este momento? Um desses momentos seria quando algum outro grupo empresarial tentasse abrir um novo frigorífico;então eles poderiam rapidamente voltar a funcionar, pelo menos até o concorrente quebrar ou talvez nem abrir e vender suas instalações ao próprio JBS Friboi, como ocorreu com a cooperativa de Ariquemes…
… outro agravante é que o poderoso grupo consegue várias benesses do Estado e dos municípios como isenções fiscais e outros benefícios e vantagens para abrir, a exemplo de redução no ICMS de 12% para 3%. Nossas autoridades parecem ter sido negligentes aos conceder tais benefícios sem a contrapartida de exigir um número mínimo de anos de funcionamento, principalmente quando a unidade não estiver dando prejuízos, como é o caso de Ariquemes e Rolim, onde o motivo alegado seria a suposta “falta de matéria prima”…
… os deputados estaduais precisam aprovar medidas urgentes para coibir esses abusos e principalmente para que a concorrência predatória, como manter plantas instaladas sem funcionar, condenem regiões inteiras a não ter novos frigoríficos e transforme a pecuária de Rondônia em refém desse tipo de cartel…
… por último, as autoridades estaduais precisam estarem atentas a esta questão, pois do contrário no médio e longo prazo Rondônia deixará de ostentar o título de 8º maior rebanho e pode deixar de sonhar em galgar posições neste ranking, pois as leis de Adam Smith não foram revogadas e os criadores passarão a priorizar outros tipos de criação ou cultura, diante do preço atualmente inviável da arrouba do boi.