COLUNA ZONA FRANCA

A indignação que alimenta a crença é a mesma que mata

Em dois, três dias, uma semana no máximo, a indignação dos indignados com a fala de Lula se acaba. E os indignados com a fala de Lula continuarão no conforto dos seus lares, estúdios, redações e igrejas a replicar que Israel é a nação escolhida por Deus. Mas, a matança de mulheres e crianças indefesas sem lares e sem pátria continuará. No fim, como em tudo, o Deus de todos tem lado.

Lula acertou

Nenhuma nação do mundo, com exceção de Israel, claro, contestou a fala de Lula sobre o genocídio que está ocorrendo em tempo real na Faixa de Gaza. Porque não existia naquele momento nenhuma alternativa para Lula senão comparar o que estava ocorrendo na região com o holocausto perpetrado por Hitler.

Lula acertou 2

A declaração de Lula, comparando o massacre de Israel contra os palestinos em Gaza ao Holocausto, foi um tapa na cara da hipocrisia mundial diante do que está em jogo neste momento. Boa parte do mundo, praticamente todos os governantes, estava se comportando de maneira equivalente àquela que permitiu o holocausto. Lula rompeu o círculo da tolerância. O que Lula falou estava entalado na garganta de milhões de pessoas pelo mundo. Por sua fala certeira Lula foi condenado por Israel, tornando-se una persona non grata. A reação de Israel, porém, acordou o mundo e hoje, é consenso que Benjamin Netaniahu terá que interromper o genocídio na Faixa de Gaza.

Lula acertou 3

É preciso lembrar que ao fazer a declaração, Lula estava em meio a uma reflexão justamente sobre isso: a necessidade de “deixar de ser pequeno” em relação ao massacre dos palestinos. Fez uma consideração de natureza ética sobre as responsabilidades de cada um. Pensou que essa obrigação recaía primordialmente sobre os estadistas, a quem não cabe “ser pequeno”. Como um estadista digno do nome, decidiu se posicionar de maneira forte, corajosa, rompendo a covardia, expressando o que tantos, inclusive os que hipocritamente o criticam pensam, mas não falam. Ao fazer isso, tocou numa questão fundamental: como quem foi tão perseguido pode permitir fazer o mesmo com outro povo  e ainda usar essa mesma perseguição sofrida como justificativa para usar métodos igualmente cruéis contra inocentes?

Cessar fogo

Após a fala de Lula, os EUA vão  propor na ONU um imediato cessar fogo, corroborado por outros paises como França, Holanda, Dinamarca, Austrália, dentre outros. O governo de Joe Biden, nos Estados Unidos, fez um projeto alternativo de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) pedindo um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza, onde os crimes das forças israelenses resultaram na morte de quase 30 mil palestinos desde 7 de outubro do ano passado. O governo americano emitiu o texto porque Israel planeja atacar a cidade de Rafah. Mais de 1 milhão dos 2,3 milhões de palestinos em Gaza procuraram abrigo no município localizado ao Sul de Gaza. “Nas atuais circunstâncias, uma grande ofensiva terrestre em Rafah resultaria em mais danos aos civis e no seu maior deslocamento, incluindo potencialmente para países vizinhos”, afirmou o documento, segundo a Reuters.

Os 100 insanos

A coluna não tem outro adjetivo senão classificar como insanos os parlamentares que estão propondo impeachment de Lula por defender os palestinos das garras mortais de Israel. Assinar o pedido é respaldar as mortes de milhares de crianças, mulheres e idosos. É respaldar o  genocídio. Dentre esses 100 insanos, quatro parlamentares de Rondônia, Thiago Flores (MDB), coronel Chrisóstomo (PL), Fernando Maximo (União Brasil) e Cristiane Lopes (União Brasil). O impressionante é que a maioria dos 100 parlamentres é cristã, tementes a Deus e pela família.

Pré-candidatos

Coronel Chrisóstomo (PL), Fernando Maximo (União Brasil) e Cristiane Lopes (União Brasil) são pré-candidatos a prefeito de Porto Velho. Se um deles for eleito, será melhor mudar o nome da capital para Porto Reich.

Eleições 2024

A federação PT, PV e PCdoB em Porto Velho, terá uma reunião pra definir uma pauta que já é consenso entre PT e PV que não aceitarão na nominata candidaturas que ja estejam ocupando mandato de vereadores ou vereadoras antes de passar pela aprovação da federação. Quem já está na federação permanece que é o caso do vereador do PV mas, qualquer outro que venha para a nominata com mandato terá que passar pela comissão da federação.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

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