Trumpinóquio
Não durou nem meia hora o cessar-fogo fake do presidente dos Estados Unidos, Donald Trumpinoquio. Este articulista não precisou de IA para cravar que o acordo entre Israel e o Irã nunca houve, de fato. Trump, brincado de War (jogo de estratégia de guerra), tentou lacrar e se deu muito mal.
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Mas, como o articulista acertou em cheio? Elementar, meu caro Watson. Acordos dessa magnitude geopolítica, envolvendo atores extremamente belicosos, não são acertados de uma hora para outra. Duram semanas, meses e até anos para serem firmados. Haja vista outros acordos de paz celebrados em outras ocasiões envolvendo o Iraque, Afeganistão e até mesmo o Irã. Não pode ser decidido uniteralmente, pelo laranjão, na Casa Branca. Ao brincar de pacificador da shopee, Trump poderá levar o mundo à uma guerra sem fim. Lula está certo em promover a paz. De que adianta ter paz após arrasar um país como a Palestina? No caso do Irã, dificilmente esta paz será conquistada.
Trumpinóquio 3
Outro fator levado em consideração pelo articulista, é o fato de que o Aiatolah Khemenei, líder supremo do Irã, está escondido numa caverna totalmente incomunicável. Sua comunicação com o mundo é através de um ajudante de ordens, que leva e traz informações na forma antiga, ou seja, pessoalmente.
O dia seguinte
Pode ter durado pouco o cessar-fogo entre Israel e Irã anunciado na noite de segunda-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora os dois países tenham aceitado os termos impostos pelo americano, o governo israelense acusou o Irã de violar a trégua e ordenou novos bombardeios a Teerã, que nega a violação. Segundo Tel Aviv, seu sistema de defesa identificou o disparo de mísseis iranianos após o início do cessar-fogo e acionou os alertas de ataque aéreo, mas todos os artefatos teriam sido abatidos e não há informações sobre vítimas ou danos materiais. A mídia estatal iraniana negou os disparos. (BBC)
O dia seguinte 2
Mais cedo, Trump anunciou ter negociado o cessar-fogo, previsto para entrar em vigor hoje, com a guerra entre Israel e Irã sendo encerrada 24 horas depois. O acordo teria sido mediado com o Irã pelo Catar. Trump publicou uma nota em sua rede social, a Truth Social, parabenizando tanto o Irã quanto Israel pelo acordo e sugerindo que o conflito fique conhecido como a “Guerra dos 12 Dias”. (Haaretz)
O dia seguinte 3
Antes do anúncio, o Irã encenou um contra-ataque sem real intenção de causar estragos às tropas americanas na região. Antes de enviar mísseis em direção à maior base militar dos EUA no Golfo Pérsico, os iranianos informaram tanto ao Catar, onde está localizada a base, quanto a Washington que iriam atacar. A intenção era enviar recados distintos a públicos muito diferentes. No front doméstico, o regime dos aiatolás reforçou a ideia de que está respondendo com força aos ataques que vem sofrendo há dez dias. Para o público externo, o ataque de baixa intensidade e a abertura de canais de comunicação com os Estados Unidos, alertando sobre a contraofensiva, foram vistos como um sinal claro de que o Irã estava disposto a voltar à mesa de negociações. (Guardian)
O dia seguinte 4
Apesar dos sinais enviados por Teerã e Washington de que havia pouco interesse em uma escalada militar, Israel ampliou o escopo de seus ataques ao Irã, focando em alvos ligados ao sistema de repressão do regime dos aiatolás. Em mais um ataque aéreo, os israelenses destruíram a entrada da prisão de Evin, símbolo da opressão contra dissidentes e opositores ao governo que emergiu após a Revolução Islâmica de 1979. A aviação israelense ainda voltou a atacar os centros de enriquecimento de urânio, alvo dos bombardeios americanos na madrugada de domingo. (Washington Post)
O dia seguinte 5
Mesmo com a entrada americana no conflito, tanto autoridades militares quanto especialistas em energia nuclear dizem ainda não ser possível avaliar quanto do programa de enriquecimento de urânio iraniano foi destruído nos ataques dos últimos dias. De acordo com fontes militares ouvidas pela CNN, ainda é muito cedo para saber se, de fato, as instalações subterrâneas iranianas foram destruídas pelas bombas lançadas pelos bombardeiros americanos. Segundo eles, no entanto, é bastante possível que, após os ataques, os iranianos acelerem as tentativas de construir uma bomba nuclear. (CNN)
O dia seguinte 6
Por fim, em uma reunião de emergência nesta segunda-feira em Viena, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, disse ser bastante plausível que as centrífugas usadas para enriquecer o urânio tenham sido destruídas no ataque. No entanto, disse ele, não há como ter certeza de que isso de fato aconteceu. Grossi dizia no início da tarde que ainda havia esperança de que uma solução diplomática fosse encontrada para acabar com a guerra. (AIEA)
O fim do multilateralismo
Com a chegada ao poder de figuras excêntricas e distante dos perfis clássicos de políticos, o mundo vive uma completa anomalia na forma de resolver conflitos. Foi assim no Brasil, com a ascensão de Jair Bolsonaro, Israel tem convívio com um genocida e está sendo assim nos EUA, com a vitória de Donald Trump. Quando isso ocorre, ou as decisões são desarrazoadas demais, ou o personalismo prevalece ante o institucional. Neste último caso, não existem limites, como se vê agora.
O fim do multilateralismo
O mundo vê agora que, na política, todo o cuidado é pouco. As mudanças nem sempre são para melhor. Com a chegada de políticos excêntricos ao poder, em posições geopolíticas estratégicas, o arranjo institucional existente até agora, que já sofria de falta de legitimidade e credibilidade, perdeu completamente o sentido. Com a sua vitória para o segundo mandato na Casa Branca, Trump aprofunda o seu desprezo pelas instituições multilaterais, ONU inclusa, e prioriza o personalismo, o poderio econômico e bélico para se impor na ordem mundial.
O fim do multilateralismo 2
É certo que a política precisa de renovação, novas lideranças, novas ideias, mas é necessário cuidado e garantir que estas venham acompanhadas de previsibilidade e segurança. No limite, a política trata de questões que envolvem e vida como a conhecemos e a sua continuidade, com bem-estar ou não. Qualquer excentricidade dos novos atores que adentram o jogo político – como Trump e Bolsonaro – pode resultar no caos que vivemos nos últimos tempos.
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Neste sentido é triste observar o papel patético reservado ao secretário geral da ONU, o português Antônio Guterres. Primeiro-ministro português entre 1995 e 2002, Guterres é um político moderado da escola clássica, que utiliza o diálogo e a razão para a tomada de decisão. Imagine como ele se sente lidando com Trump e Netanyahu com bombas nas mãos e a ONU enfraquecida.
Aumento na conta de luz
O Palácio do Planalto estuda a possibilidade de publicar uma medida provisória para impedir um aumento substancial na conta de luz dos brasileiros nos próximos anos. O temor tem como base a derrubada, pelo Congresso, de uma série de vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre eles benefícios fiscais para a implantação de usinas eólicas em alto-mar. Pelas contas dos técnicos do Ministério de Minas e Energia, a derrubada do veto pode significar um aumento de R$ 35 bilhões nas contas de luz ao ano por uma década e meia. A bancada federal de Rondônia votou em peso para aumentar a conta de luz. (Globo)
Caça CACs
A Polícia Federal passa a ser responsável pela fiscalização dos caçadores, atiradores esportivos e colecionadores de armas (CACs), a partir de 1º de julho. Na prática, o registro de CACs vem servindo como o caminho mais fácil para brasileiros comuns terem a posse e o porte de armas de fogo. Até agora, a fiscalização ficava a cargo do Exército Brasileiro, que afirmou não dispor de estrutura para realizar a tarefa. A transferência para a Polícia Federal vai ocorrer de forma escalonada. (g1)
Crime ambiental
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, propôs ao presidente Lula um projeto de lei para punir o crime ambiental de grandes proporções, classificado por ele como “ecocídio”. De acordo com a proposta, o “ecocídio” pode ser praticado tanto por pessoas físicas quanto por empresas, e as penas podem variar de cinco a 40 anos de prisão, além de multa. Já há um projeto de lei com proposta semelhante na Câmara dos Deputados, aprovado em 2023 na Comissão de Meio Ambiente. O texto seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça, mas ainda não foi apreciado. (g1)
Terra arrasada
O prefeito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), entrou em contato com a coluna sobre a última posição da capital medida pelo IPS. Segundo ele, realmente ele herdou uma terra arrasada. Sem o mínimo de infraestrutura básica. O ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB), que almeja ser governador do estado, minimamente maquiou a cidade, deixando o principal gargalo da capital, o saneamento básico para o sucessor resolver. O saneamento de uma cidade é um dos principais quesitos de pontuação do índice. A saúde vem logo em seguida. Léo Moraes vai precisar de décadas para deixar a capital num índice intermediário. Em dois mandatos, no máximo irá remediar.
Bunker
O governador Marcos Rocha (União Brasil) está entrincheirado no Palácio Rio Madeira, depois que retornou de uma guerra em Israel. Enfrentando um inimigo doméstico, MR está colocando em prática as táticas de guerra aprendidas num curso rápido em Tel Aviv. Embora, como militar tenha noções de combate, Marcos Rocha não tinha conhecimentos estratégicos de como combater um inimigo doméstico.
Federações
A coluna está de olho no movimento dos partidos políticos. O PT, com mais de 40 anos de existência, está só observando os últimos movimento de MDB, PSDB, PSB, PDT, Republicanos e PRD.
Federações 2
Os partidos Solidariedade e PRD devem anunciar nesta quarta-feira (25) que vão formar uma federação partidária. A aliança, segundo dirigentes, será anunciada em um evento na Câmara dos Deputados. Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foram convidados.
Federações 3
O presidente nacional do PSB, João Campos, afirmou que o partido discute a formação de uma federação com PDT e Cidadania. A declaração foi dada durante evento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), em Recife, cidade onde Campos é prefeito. “É uma conversa de aproximação partidária, entendendo os desafios que os partidos têm e com muita esperança de poder construir politicamente juntos. Não tenho nenhuma dúvida de que há interesse em caminhar lado a lado”, disse o dirigente.
Lula vem aí
Se nada der errado, o presidente Lula virá ao estado de Rondônia nos próximos 15 dias. Ele deve essa visita no seu terceiro mandato. A coluna tentou obter informações sobre a data mas ainda não obteve resposta. Definitivamente, comunicação não é um forte do PT. No aguardo.
Golpes virtuais
Segundo um levantamento da Agência Lupa, o uso de inteligência artificial em golpes virtuais disparou no Brasil, com criminosos usando deepfakes de políticos, empresários e jornalistas para enganar vítimas nas redes sociais. Em apenas cinco meses de 2025, já foram 18 casos identificados, o dobro do registrado em todo o ano passado. A estratégia consiste em usar vídeos manipulados com vozes e rostos conhecidos que convidam as vítimas a acessar sites falsos, onde acabam entregando dados como CPF, senhas e informações bancárias. Exemplos vão de promoções falsas com William Bonner a golpes usando Lula, Marina Silva, Michel Temer e até Luciano Hang para prometer saques de dinheiro supostamente acumulado no CPF. Ainda conforme a Lupa, 90% dos golpes de 2025 usaram o nome de uma pessoa famosa ou de uma empresa reconhecida. Há indícios de que até mesmo o crime organizado está por trás de parte dessas operações. (Globo)
Breakfast
Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia e do Brasil.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político
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