Roberto Kuppê (*)
O PT de Rondônia é oposição
O 17º Encontro Estadual do Partido dos Trabalhadores de Rondônia, realizado no sábado, dia 06 de setembro, hotel fazenda Minuano, em Presidente Médici, poderia ter passado como mais uma cerimônia de posse e confraternização. Afinal, tomou posse o novo diretório estadual, eleito no PED de julho, junto com os presidentes municipais, o presidente estadual Ernesto Ferreira e a executiva recém-eleita. Tudo dentro do ritual partidário que, convenhamos, o PT conhece bem.
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Mas a história reservou ao encontro um capítulo mais interessante. Depois das análises de conjuntura — a nacional, conduzida por Ramon Cujui, e a estadual, apresentada por Joaquim Louredo — veio a decisão que roubou a cena: a aprovação da resolução política que, com sete anos de atraso, declarou oficialmente o PT como partido de oposição ao governo bolsonarista de Marcos Rocha. Sim, demorou quase dois mandatos para reconhecer o óbvio.
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A proposta nasceu do grupo da ex-senadora Fátima Cleide, que finalmente conseguiu fazer prevalecer sua leitura de que não cabe a um partido progressista e popular estar de braços dados, mesmo que indiretamente, com um governo alinhado ao bolsonarismo. Do outro lado, a deputada estadual Cláudia de Jesus defendeu o contrário: a rejeição da resolução. Derrotada, a parlamentar não escondeu o incômodo e fez questão de disparar críticas ácidas contra os companheiros que ousaram contrariar sua linha de atuação.
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O recado, no entanto, foi cristalino: a nova direção do PT rondoniense não será mera extensão do mandato da deputada. O tempo da tutela acabou. Se Cláudia quiser exercer liderança de fato, terá que abrir espaço para diálogo interno e não apenas esperar que sua posição seja automaticamente a posição do partido.
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O encontro, portanto, não foi apenas de posse formal. Foi também de posse simbólica: o PT de Rondônia, ainda que tardiamente, tomou posse de si mesmo enquanto partido de oposição. E isso, em tempos de confusões ideológicas e pragmatismos duvidosos, não deixa de ser uma vitória política digna de nota.
Desfile do 7 de Setembro
A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, é palco neste domingo do desfile oficial do 7 de Setembro, organizado pelo governo federal, que neste ano terá três temas principais: Brasil dos Brasileiros, COP30 e Novo PAC e Brasil do Futuro, segundo informações divulgadas pelo g1. O evento contará com a participação das Forças Armadas — Marinha, Exército e Aeronáutica — e com a tradicional apresentação da Esquadrilha da Fumaça.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e autoridades devem acompanhar o desfile, que tem início marcado para as 9h. O acesso ao público é gratuito, com arquibancadas abertas a partir das 6h30. O governo do Distrito Federal espera receber mais de 50 mil pessoas.
Contra a anistia
Neste domingo (7), os movimentos populares vão às ruas de todo o país em uma ampla programação, que tem sido chamada de 7 de setembro do povo – quem manda no Brasil é o povo brasileiro. Na próxima semana, será retomado o julgamento de Jair Bolsonaro e os outros sete réus na ação penal que analisa a tentativa de golpe de 2022 no Brasil. Caso sejam condenados, a extrema-direita se prepara para travar a pauta do Congresso Nacional para tentar forçar a votação do projeto de lei que prevê o perdão aos golpistas. Em Porto Velho a concentração será na Cúria Arquidiocesana, às 9h.
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Enquanto o Centrão e o PL buscam criar um movimento dentro da Câmara dos Deputados para aprovar uma anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o clima no Senado não deve ser tão favorável assim. Líderes do MDB e do PSD já avisaram o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que não vão deixar tramitar uma proposta de anistia e também não querem votar um projeto prevendo redução de penas para aqueles que atentaram contra a democracia. “O regimento do Senado diz claramente que o presidente da Casa tem o poder de impugnar a tramitação de matéria flagrantemente inconstitucional”, diz o senador Renan Calheiros (MDB-AL). E a anistia é inconstitucional, destaca Calheiros. Ele disse que já passou sua posição para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que tem defendido como alternativa uma redução de pena dos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Sou contra também a essa proposta e já disse isso também ao Davi”, afirmou o senador do MDB. Ele garante que não há votos no Senado para aprovar uma anistia “ampla e geral” como está defendendo o PL. (g1)
5 recados de Lula
Na véspera do Dia da Independência, comemorado neste domingo (7), o presidente Lula fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV. O discurso exaltou a soberania nacional e lançou recados claros sobre democracia, economia, meio ambiente, redes digitais e política. Sem citar nomes, Lula também criticou duramente políticos que, segundo ele, agem contra os interesses do Brasil – numa referência direta ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de articular contra autoridades brasileiras no exterior. Assista ao pronunciamento:
Neste domingo, dezenas de cidades devem receber manifestações em suas ruas, contra e a favor da anistia. Movimentos de esquerda também vão defender a soberania e a justiça social e tributária.
Veja os cinco principais recados do pronunciamento de Lula:
1. “Traidores da pátria” serão julgados pela história
Lula afirmou que alguns políticos brasileiros “estimulam ataques ao Brasil” e não defendem o povo que os elegeu. Chamou-os de “traidores da pátria” e disse que a história não os perdoará. Foi um recado direto, ainda que sem nomear, a Eduardo Bolsonaro, alvo de críticas por pedir sanções a autoridades brasileiras nos Estados Unidos.
2. Defesa incondicional da soberania nacional
O presidente ressaltou que o Brasil “não será colônia de ninguém”, mantém relações diplomáticas com todos, mas “não aceita ordens de governo estrangeiro”. Associou soberania à defesa das riquezas naturais, da democracia e da independência entre os Três Poderes.
3. Economia com inclusão social
Lula destacou políticas para tornar o Brasil “fora do mapa da fome” e com crescimento acima da média mundial. Citou medidas como:
- isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil;
- taxação dos super-ricos;
- combate ao desemprego, hoje no menor índice histórico;
- fortalecimento de políticas públicas para jovens, trabalhadores e empreendedores.
4. Meio ambiente e bens públicos sob proteção
Lula disse que o Brasil reduziu pela metade o desmatamento na Amazônia e lembrou que o país sediará a COP30 em Belém, em novembro. Reafirmou que o PIX é público, gratuito e continuará assim, rejeitando qualquer tentativa de privatização.
5. Regulação das redes digitais e combate às fake news
O presidente advertiu que as redes digitais são importantes, mas “não estão acima da lei”. Condenou o uso de plataformas para espalhar fake news, ódio, golpes financeiros, exploração sexual de crianças, racismo e violência contra mulheres. Reiterou que a Constituição garante a independência dos Poderes e que ele não pode – nem pretende – interferir na Justiça.
Um chamado à união
Encerrando o discurso, Lula pediu união em torno da pátria e da democracia, dizendo que o Brasil precisa de fé, coragem e experiência para cuidar do futuro. “Este é o momento em que a história nos pergunta de que lado estamos”, afirmou.
Leia a íntegra do pronunciamento em cadeia de rádio e TV de Lula:
“Querido povo brasileiro, amanhã, 7 de setembro, é dia de celebrarmos a independência do Brasil. É uma boa hora para a gente falar de soberania. O 7 de setembro representa o momento em que deixamos de ser colônia e passamos a conquistar nossa independência, nossa liberdade e nossa soberania.
Na época da colonização, nosso ouro, nossas madeiras, nossas pedras preciosas, nada disso pertencia ao povo brasileiro. Toda a nossa riqueza ia embora do Brasil para ajudar a enriquecer outros países. Mais de 200 anos se passaram e nós nos tornamos soberanos.
Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro. Mantemos relações amigáveis com todos os países, mas não aceitamos ordem de quem quer que seja.
O Brasil tem um único dono, o povo brasileiro. Por isso, defendemos nossas riquezas, nosso meio ambiente, nossas instituições. Defendemos nossa democracia e resistiremos a qualquer um que tente golpeá-la.
É inadimissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil. Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria.
A história não os perdoará. Minhas amigas e meus amigos, a soberania pode parecer uma coisa muito distante, mas ela está no dia a dia da gente. Está na defesa da democracia e no combate à desigualdade.
Há todas as formas de privilégios de poucos em detrimento do direito digno. Está na proteção das conquistas dos trabalhadores. No apoio aos jovens para que eles tenham um futuro melhor.
Na criação de oportunidades para os empreendedores e nos programas que ajudam os mais necessitados. Se temos direito a essas políticas públicas, é porque o Brasil é um país soberano e tomou a decisão de cuidar do povo brasileiro. Minhas amigas e meus amigos, o país soberano é um país fora do mapa da fome, que zero o imposto de renda de quem ganha até 5 mil reais, enquanto taxos super ricos que hoje não pagam quase nada.
Que cresce acima da média mundial e resiste a menor índice de desemprego de todos os tempos. Um país com a coragem de fazer a maior operação contra o crime organizado da história, sem se importar com o tamanho da conta bancária dos criminosos. Esse país soberano e independente se chama Brasil.
Minhas amigas e meus amigos, desde o início do nosso governo, concentramos esforço na abertura de novas parcerias comerciais. Em apenas dois anos e oito meses, abrimos mais de 400 novos mercados para as nossas exportações. Defendemos o livre comércio, a paz, o multilateralismo e a harmonia entre as nações.
Mas nunca abriremos mão da nossa soberania. Defender nossa soberania é defender o Brasil. Cuidamos como ninguém do nosso meio ambiente.
Reduzimos pela metade o desmatamento na Amazônia, que em novembro vai sediar a COP30, maior conferência mundial sobre o clima. Defendemos o PIX de qualquer tentativa de privatização. O PIX é do Brasil, é público, é gratuito e vai continuar assim.
Reconhecemos a importância das redes digitais. Elas oferecem informação, conhecimento, trabalho e diversão para milhões de brasileiros. Mas não estão acima da lei.
As redes digitais não podem continuar sendo usadas para disparar fake news e discursos de ódio. Não podem dar espaço à prática de crimes como golpes financeiros, exploração sexual de crianças e adolescentes, e incentivo ao racismo e à violência contra as mulheres. Zelamos pelo cumprimento da nossa Constituição, que estabelece a independência entre os três poderes.
Isso significa que o presidente do Brasil não pode interferir nas decisões da justiça brasileira, ao contrário do que querem por ao nosso país. Minhas amigas e meus amigos, este é o momento em que a história nos pergunta de que lado estamos. O governo do Brasil está do lado do povo brasileiro.
Povo que acorda cedo, todos os dias, para trabalhar pela prosperidade da sua família. Este é o momento de união de todos em defesa do que pertence a todos, a nossa pátria brasileira e as cores da bandeira do nosso país. A história nos coloca diante de um grande desafio e pergunta se somos capazes de enfrentá-lo.
E nós dizemos sim, temos fé, experiência e coragem para seguir cuidando do nosso futuro e da esperança da nossa gente. Que Deus abençoe o Brasil. Um abraço e ferida da independência.”
São Carlo Acutis
O papa Leão XIV canonizou Carlo Acutis, conhecido agora como o primeiro santo da geração millennial, em cerimônia no Vaticano neste domingo (7). Esta foi também a primeira cerimônia de santificação conduzida pelo pontífice, eleito para o posto mais alto da Igreja Católica em maio. Segundo estimativas do Vaticano , mais de 80 mil pessoas acompanharam à missa na Praça de São Pedro. Com a canonização, ele passa a ser chamado de santo. Para a Igreja Católica, essa classificação significa reconhecer que a pessoa viveu de forma santa e está no céu. Acutis, que morreu aos 15 anos, aprendeu códigos de computador para criar sites e divulgar sua fé. A história dele atraiu grande atenção da juventude católica, e agora ele será elevado ao mesmo nível de Madre Teresa e Francisco de Assis.
Breakfast
Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia e do Brasil.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político, com informações do Canal Meio
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