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quinta-feira, julho 24, 2025

E o slogan “Deus, Pátria e Família”, era apenas peça de marketing

Por Roberto Kuppê (*)

Pelo que a Equipe de Transição está descobrindo sobre o governo Bolsonaro, o slogan “Deus, Pátria e Família”, foi apenas uma sacada do marketing que elegeu Jair Bolsonaro (PL), em 2018. Nada do que Bolsonaro fez nestes quatro nefastos anos de governo (ou desgoverno), faz jus ao escopo da peça de marketing, que na verdade, foi slogan dos nazistas, de Hitler.

Deus. A que Deus Bolsonaro se refere ou serve? Diz o tempo todo que é católico, mas foi batizado pelo pastor Everaldo, presidente do PSC que está preso por corrupção, nas águas do rio Jordão em Israel, em 2016, em plena campanha pelo impeachment de Dilma. Durante a pandemia, Bolsonaro demonstrou tudo, menos que é cristão temente a Deus.

Pátria. Primeiro que para defender a pátria tem que respeitar a Constituição Federal e as instituições. E como presidente da República, respeitar a independência dos poderes. Nada disso ele fez durante os quatro anos de mandato. Pior, vendeu companhias petrolíferas para os EUA, China, deixando o País na mão. Isso nunca foi ser patriota, cuja etimologia quer dizer “terra natal ou adotiva de um ser humano, que se sente ligado por vínculos afetivos, culturais, valores e história”. Tão logo assumiu o governo, Bolsonaro prestou continência para a bandeira dos Estados Unidos, demonstrando não ser, verdadeiramente, patriota. Se pelo menos fosse à bandeira de Portugal, nossa pátria mãe, ainda se relevaria. Nós nunca fomos colônia dos Estados Unidos.

Família. Ah, essa então, Bolsonaro nunca respeitou. Nem a própria família dele. Se se for falar só sobre a família Bolsonaro, esse espaço será insuficiente, porque a dele é cercada de escândalos, brigas e muitas baixarias, para dizer o mínimo. Mais recentemente vazaram informações de desavenças entre o chefe do clã com a primeira dama, os filhos e até suposto envolvimento de Michele Bolsonaro com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Vai vendo, Brasil.

O termo família em se tratando de governo, é mais amplo. O presidente da República teria que ser o protetor de todas as famílias do Brasil, um presidente de todos. No nosso caso, não foi.  A situação dos programas sociais, incluindo o Bolsa Família e a rede de assistência social nos municípios, é de “calamidade” e “desmonte”, afirmaram os integrantes do grupo técnico de Desenvolvimento Social e Combate à Fome da equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) e as ex-ministras Tereza Campello e Márcia Lopes (ambas do Desenvolvimento Social e Combate a Fome) usaram palavras como “descaso”, “irresponsabilidade” e “má-fé” para descrever o cenário encontrado pelo novo governo. O governo Bolsonaro deixa um “legado maldito” de “verdadeiro desmonte” na assistência, desenvolvimento social e combate à fome.

Para se ter uma ideia do desmonte patrocinado pelo “defensor da família”, o orçamento proposto pelo atual governo para 2023, a Assistência Social tem verbas para funcionar por apenas 10 dias. Não há recursos para defender as ” nossas criancinhas” que a ex-ministra Damares tanto fala. Na verdade, as ações deste governo que finda são contra as crianças, como a toda família brasileira.

Com o recente desastre climático ocorrido no Paraná, a equipe de Transição descobriu que não há dinheiro para contenção de encostas, nem para prevenção de desastres no Brasil. Ou seja, Jair Bolsonaro armou uma bomba para explodir com as chuvas de verão. As vítimas do deslizamento de terra na BR-376, em Guaratuba (PR), não eram só consequência de um desastre natural, mas da “ausência de investimentos em políticas de prevenção”. Até o momento, o deslizamento, que arrastou carros e caminhões, deixou duas pessoas mortas e 30 desaparecidos. E as chuvas estão só começando.

A realidade é que Lula terá uma missão quase impossível, de reestruturar todas as políticas sociais, de restabelecer os direitos, de proporcionar um mínimo de dignidade para as pessoas. Se depender só pela vontade de Lula e equipe, ele conseguirá. Mas, como sabemos, no meio do caminho terá o Centrão, a mídia e os bolsonaristas inconsequentes. Ah, e as igrejas evangélicas também que, quanto pior as pessoas estiverem, mais desesperadas vão em busca delas para depositar os seus dízimos.

Fazendo um parêntese, como é que Damares foi eleita senadora pelo Distrito Federal? Como é que Ricardo Salles que desmontou o Ibama se elegeu deputado federal por São Paulo? Isso sem falar em Tarcísio de Freitas (Republicanos) que se elegeu governador de São Paulo, sem nunca ter morado no estado. É a boca mordendo a testa e a língua lambendo a orelha.

Enfim, Deus acima de todos, é conversa fiada. Brasil acima de tudo, nem pensar. Família, mal e porcamente, só a dele.

Do que nos livramos, hein?

(*) Roberto Kuppê  é jornalista e articulista político

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