Por Roberto Kuppê (*)
Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina e nasce outra vez Então é Natal, a festa Cristã Do velho e do novo Do amor como um todoEntão bom Natal
E um Ano Novo também Que seja feliz quem Souber o que é o bemEntão é Natal, pro enfermo e pro são
Pro rico e pro pobre, num só coração Então bom Natal, pro branco e pro negro Amarelo e vermelho, pra paz afinalEntão bom Natal
E um Ano Novo também Que seja feliz quem Souber o que é o bemEntão é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez E então é Natal, a festa Cristã Do velho e do novo, o amor como um todoEntão bom Natal
E um Ano Novo também Que seja feliz quem Souber o que é o bemHarehama, há quem ama
Harehama, ahEntão é Natal (Hiroshima)
E o que você fez? (Nagasaki) O ano termina E nasce outra vezHiroshima
Nagasaki Mururoa, ahé Natal
(Nagasaki) é Natal (Mururoa) é Natal, ah———————————————————————————————

Então é Natal. Acordo às 10 horas da manhã desta segunda-feira de Natal para escrever este artigo. Ontem passei o dia na praia. Cansado, nem fui ao jantar de Natal na casa da minha mãe. Imperdoável. Todos os anos eu vou. À noite, em vez das festas tradicionais, preferi ver um filme e os capítulos finais de “Betinho, no fio da navalha”. E-mo-ci-o-nan-te demais.
A série conta a história de Herbert de Souza (Betinho), o irmão do Henfil, da canção de Elis Regina. São oito capítulos, disponíveis na Globoplay. A produção executiva foi de Rodrigo Sarti Werthein (Acere Produções), que, foi quem assinou a produção do documentário “Para fazer o bem”, sobre este que vos escreve.
Na infância, Betinho foi acometido por uma tuberculose. Sempre franzino e com saúde frágil, Betinho foi um ser revolucionário. Na juventude participou ativamente dos protestos contra a ditadura militar e por isso teve que se exilar na Europa. Daí veio “O bêbado e o equilibrista”, de Elis Regina….”Que sonha com a volta do irmão do Henfil, com tanta gente que partiu, num rabo de foguete”….

Betinho lutou por 14 anos contra a Aids, e morreu aos 61 anos, em agosto de 1997, em casa, em paz, como queria. Chico Buarque foi um dos últimos a vê-lo com vida e se despediu do sociólogo.
Betinho foi um exemplo de luta e de perseverança.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político