HOMENAGEM DOS FILHOS— 100 ANOS DA MÃE
No dia 27 de julho foi um dia de festas no município de Castanheiras, onde houve o aniversário da matriarca da família Dias, Sra Eudoxia Bonifácio de Souza, que completou 100 anos.
O evento foi na fazenda Oscalão, de Odair Dias De Souza, popular PORONGO, atual vice prefeito de Castanheiras. Calcula-se que aproximadamente nos dois dias de festas passaram mais de mil pessoas entre familiares e amigos. Parentes do Brasil inteiro para comemorar.
Estiveram presentes a classe política da região com destaques aos senhores Carlos Magno Sub Chefe da Casa Civil do governo de Rondônia e Dr Francisco Carvalho Conselheiro do Egregio Tribunal de Contas do Estado e outros. Houve um culto de agradecimentos a Deus pela vida e um emocionante discurso de Wilson Dias, um dos filhos de dona Eudoxia.
Boa noite a todos.
Hoje eu falo em nome de todos os filhos. E confesso que o coração está apertado de emoção.
Porque homenagear a nossa mãe aos 100 anos de vida… é como tentar descrever um rio com palavras. É grande demais. Profundo demais.
Mãe…
A senhora nunca precisou de muito para nos dar tudo.
Quando a comida era pouca, a senhora comia o pé do frango…
e deixava o melhor pedaço pra nós.
Quantas vezes socou arroz no pilão, ali, com as mãos calejadas, só pra ter almoço pronto na mesa?
A senhora plantava a mandioca, carpia, colhia…
pra que tivéssemos farinha, pirão, e sustento de verdade.
Nossas roupas…
feitas com amor, costuradas por suas mãos, aproveitando saco de arroz ou fardo de tecidos.
Porque mesmo sem dinheiro, a senhora nunca deixou faltar dignidade.
Quantas vezes a vimos rachando lenha, sozinha, pra acender o fogo do fogão…
ou buscando paina no mato, pra fazer os acolchoados que nos aqueciam nas noites frias do Mato Grosso do Sul, quando a geada cobria o chão.
A senhora tirava água da mina, da lata na cabeça, do poço.
Preparava o trigo que a senhora mesma plantava, pra fazer o pão nosso de cada dia.
Antes da luz elétrica chegar, viveu o tempo da lamparina, do lampião…
e nunca deixou a nossa casa ficar no escuro — porque a luz da sua fé sempre esteve acesa.
E aos domingos, mesmo com chuva ou sol forte, a senhora nos levava à igreja — de carroça, ou a pé.
Na Igreja Presbiteriana, fomos criados nos princípios da Palavra de Deus.
A senhora não sabia ler… mas se sentava ao lado do nosso pai enquanto ele lia a Bíblia pra todos nós.
E da sua boca, mesmo sem leitura, saíam orações que tocavam o céu.
Quantos retiros a senhora preparou com suas próprias mãos, lá no sítio…
fazendo comida para os irmãos da fé no barracão da olaria.
A senhora sempre foi fiel nos dízimos, nas ofertas…
contribuiu com tijolo, suor e oração nas construções das igrejas de Dourados, Panambi e Vila Cruz.
Mãe…
A senhora não era só mãe. Era costureira, cozinheira, agricultora, parteira, intercessora…
e sempre, acima de tudo, serva temente a Deus.
E mesmo cuidando da nossa casa, foi amiga da sua sogra, fiel ao seu esposo, e respeitada por todos.
Mais tarde, quando já tínhamos a olaria, a senhora passou a comandar a cozinha para alimentar os peões.
E mesmo com mais conforto, o seu coração continuava simples, grato e generoso.
Hoje nós olhamos pra senhora e vemos mais do que uma centenária.
Vemos uma história viva.
Vemos uma coluna de fé.
Vemos uma mulher que, mesmo sem querer aparecer, ensinou a todos nós o que é amar com atitudes.
Mãe… a senhora é o nosso maior presente.
Obrigado por tudo.
Parabéns pelos seus 100 anos.
Nós te amamos.