
Dois pesos e duas medidas. Lula não foi nomeado ministro Chefe da Casa Civil por suposta tentativa de adquirir foro privilegiado e assim fugir das investigações da Operação Lava Jato. O presidente em exercício Michel Temer (PMDB) disse no primeiro discurso no Palácio do Planalto que daria todo o apoio para a Operação Lava Jato. Temer disse que a operação da Polícia Federal “tornou-se referência, e daremos proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la”. Só que não. Além dele próprio ter sido delatado na operação comandada pelo juiz Sérgio Moro, sete ministros nomeados por ele ontem são alvo das investigações, mas agora possuem foro privilegiado. Se valeu a lei para Lula, deveria valer também para os ministros investigados pela Lava jato.
A extinção da Controladoria Geral da União é um absurdo! Órgão de controle interno, reconhecido no mundo pela sua importância! Arrancaram a porta, pode roubar! Virou Ministério, ou seja, subordinado a interesses políticos do partido que detêm o titular da pasta. Perdeu o caráter técnico.
Ministros envolvidos na Lava Jato
Romero Jucá (PMDB-RR) – Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
O senador Romero Jucá, que vai assumir o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, está na lista de investigados que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) no início de 2015.
Jucá foi citado por delatores como beneficiário de um esquema de desvio na estatal. Em depoimento à Polícia Federal em fevereiro deste ano, o senador admitiu que pediu a Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, doações para a campanha de seu filho, Rodrigo Jucá (PMDB), que foi candidato a vice-governador de Roraima.
Em depoimento de delação premiada, Pessoa afirmou ter dado R$ 1,5 milhão ao PMDB de Roraima, em 2014. O empreiteiro disse, ainda, que entendeu que o pagamento estava relacionado à contratação da UTC, pela Eletronuclear, para obras da usina nuclear de Angra 3. Romero Jucá nega e atribui a doação ao “trabalho que desempenha como senador”.
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) – Secretaria de Governo
Mensagens apreendidas pela Operação Lava Jato sugerem que o ex-ministro de Lula, ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima usou sua influência para atuar em favor dos interesses da construtora OAS.
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – Turismo
Ministro do Turismo do governo Dilma, Alves volta à pasta menos de dois meses depois de deixar o cargo. O peemedebista é suspeito de receber propina do dono da OAS, Léo Pinheiro, em troca de favores no Legislativo.
A investigação é baseada em mensagens apreendidas no celular de Pinheiro. Em algumas delas, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cobra Pinheiro por doações à campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte. Para Janot, os pagamentos são, na verdade, propina.
Mendonça Filho, Raul Jungmann, Bruno Araújo e Ricardo Barros
Os deputados Mendonça Filho (DEM-PE), Raul Jungmann (PPS-PE), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Ricardo Barros (PP-PR), que vão assumir os ministérios da Educação, Defesa, Cidades e Saúde, respectivamente, são citados na famigerada lista da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal na sede da construtora, em março, durante a 23ª fase da Lava Jato.
A lista foi tornada pública e depois colocada sob sigilo, mas os investigadores ainda não sabem se os nomes que constam nela receberam doações legais, ilegais envolvendo recebimento de propina ou dinheiro de caixa dois.