Há 60 anos (versão estendida pro site)

Quando eu tinha apenas cinco anos de idade perdi meu pai. O ano era 1965 e a cidade, Guajara-Mirim. Eu nasci e morei na 15 de Novembro, de fronte ao antigo aeroporto. Ainda lembro daquela cena. Meu pai no caixão e eu sentado no chão, brincando, vendo aquelas pessoas chorando. Talvez eu não estivesse entendendo o que estava acontecendo. Não lembro dos meus sentimentos no dia. Só sei que minha mãe dizia que eu era o xodó do papai. Eu me parecia muito com ele, aquele cearense de Viçosa do Ceará. Cabeça chata. Risos.

De Guajara-Mirim fui morar em Porto Velho no fim da década de 60, início de 70. Morei na capital de Rondônia até o ano de 2002. Depois fui morar em Brasília, Rio de Janeiro e Maceió.

Ontem me despedi da minha mãe, na capital alagoana. Foi muito dolorido. Chorei muito. Copiosamente. Gritei! Aquele sentimento que sai do fundo do coração.

Confesso que não fui um bom filho. Dei trabalho pra minha mãe. Fugi de casa algumas vezes na sofrida infância em Porto Velho. A gente quando é pobre sofre muito buiylling. Injustiças. Desprezo. Mas, minha mãe mudou meu destino quando conseguiu uma bolsa de estudos no colégio Dom Bosco de Porto Velho. Minha vida mudou da água para o vinho.

Além de uma boa educação, aprendi a ser um bom cristão, solidário e caridoso. Os ensinamentos de São João Bosco me foram e são até hoje um norte para a minha vida. Aprendi a amar, mesmo sem ser amado, perdoar sem ser perdoado. Talvez seja por isso que prefiro ser enganado do que enganar a alguém. Prefiro perder a tomar algo de alguém.

Prefiro a simplicidade lícita ao luxo ilícito. Eu não conseguiria dormir o sono dos justos vivendo um luxo roubado. Principalmente roubando de aposentados e ainda receber um título de Cidadão Honorário.

É assim que eu sou. Simples, cultivando valores e não atrapalhando a vida de ninguém. Se eu não puder ajudar, atrapalhar não vou. E agora, com minha mãe me olhando lá de cima, vou ser uma pessoa muito melhor. Obrigado minha mãe que está no Céu.

Te amo…