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sábado, junho 21, 2025

Hipocrisia republicana no futuro da suprema Corte

Morte da juíza Ruth Ginsburg abre caminho para Trump consolidar maioria conservadora no tribunal antes das eleições, embora seu partido tenha bloqueado, há quatro anos, uma indicação de Obama

A juíza Ruth Bader Ginsburg previu a batalha partidária que irromperia em seguida ao anúncio de sua morte. “Meu desejo mais fervoroso é que eu não seja substituída até que um novo presidente seja empossado”, ditou à neta Clara dias antes de morrer de metástase de um câncer pancreático. A preocupação da incansável juíza, que lutava pela vida e justificava seus votos do leito do hospital, pelo timing de seu fim fazia sentido.

O alarme soou rapidamente entre os democratas e na vigília de manifestantes que lotaram as escadarias da Suprema Corte. Obituários exaltam a retidão com que Ginsburg, ou RBG, norteou sua trajetória pessoal e profissional ao mesmo tempo em que republicanos não escondem a pressa para preencher vaga aberta na Suprema Corte.

A apenas 44 dias das eleições, a especulação prematura e inoportuna traduz também a amargura e o ressentimento que tão bem caracterizam esta eleição nos EUA.

Ruth Bader Ginsburg em Washington DC, em 12 de setembro de 2019 — Foto: Sarah Silbiger/Reuters

e Trump indicar um juiz antes do pleito, será respaldado pelo plenário do Senado, conforme adiantou o líder da maioria republicana, Mitch McConnell. Será a chance de o presidente americano consolidar, por pelo menos uma geração, a maioria conservadora na mais alta corte americana — 6 dos 9 assentos. E desfigurar o equilíbrio ideológico em temas sensíveis como aborto, imigração, direitos às armas ou ação afirmativa.

Na tentativa de energizar a base republicana e mantê-la a seu redor, Trump divulgou, na semana passada, uma lista de 20 nomes que poderiam ser indicados à Suprema Corte caso fosse reeleito. Incluía baluartes de matriz conservadora como os senadores Ted Cruz, Tom Cotton e Josh Hawley.

A morte da juíza Ruth Ginsburg, aos 87 anos, antecipa a escolha tendo em vista a curta janela que se abre para os republicanos, explicitada de forma tão oportuna pelo líder McConnell, mal a morte da juíza foi divulgada: os presidentes da República e Senado agora são do mesmo partido. De acordo com as pesquisas eleitorais, este cenário poderá se alterar em novembro.

E há o precedente ainda fresco na memória dos americanos. Foi o mesmo senador Mitch McConnell que bloqueou, há quatro anos, a indicação de Merrick Garland pelo presidente Barack Obama, após a morte do juiz Antonin Scalia.

Faltavam 8 meses para as eleições. Mas o líder da maioria não convocou o processo de confirmação do juiz, alegando que os eleitores deveriam, primeiro, ser ouvidos no pleito de novembro. Trump venceu e, no ano seguinte, fez a sua própria indicação: Neil Gorsuch, confirmado pelo Senado republicano.

Não por acaso, o líder da minoria democrata, Chuck Schumer, repetiu, na sexta-feira (18), cada palavra proferida há 4 anos por McConnell para postergar a votação:

“O povo americano deve ter voz na escolha de seu próximo juiz da Suprema Corte. Portanto, esta vaga não deve ser preenchida até que tenhamos um novo presidente.”

É improvável, porém, que as duras críticas de infâmia e hipocrisia detenham o líder republicano no Senado e cão de guarda de Trump no Capitólio.

Fonte: G1

Por Sandra Cohen

 

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