Estava eu ontem em casa vendo algum canal de TV, quando chega um amigo, para me ajudar a sorver uma vodca. Eram por volta das 21 horas. A primeira exigência dele foi para que colocasse na Globo para ver a novela. Mudei de canal mesmo a contragosto. Sou bom anfitrião. No segundo seguinte toca o telefone dele. Era o pai dele avisando que a novela tinha começado. E ele respondeu que já estava assistindo. Esta novela realmente faz um sucesso, mas, como diz a música do Zeca Pagodinho, Caviar, “nunca vi, nem comi, só ouço falar”. E a novela começou. Em dado momento, dois personagens gays travam um diálogo. E saiu da boca do rapaz o seguinte comentário: “Eita. Vai pintar um beijo gay”. Olhei para ele meio que estupefato e comentei: “Ué! Você quer ver um beijo gay na TV?”. Ele respondeu: “Nada contra”. Bom, desnecessário falar que o rapaz é casado e tem um filho. No momento seguinte eu comecei a falar: “Matar na novela, pode. Sequestrar pode. Matar a tia e enterrar pode. Trair pode. Envenenar pode. Amarrar uma pessoa e desferir facadas pode. Só beijar homem com homem que não pode”. Claro que sou contra demonstrações de afeto entre pessoas do mesmo sexo, como beijo, em horário que a criançada está na sala de TV junto com os pais assistindo a novela. Acho que, para tudo tem horário. Mas, o mais impressionante é que a sociedade acha normais cenas de violência extrema na TV, mas, quando depara com uma cena homossexual se enche de pudor. Quando digo “sociedade”, refiro-me a segmentos religiosos que ficam monitorando as tevês e as únicas coisas que observam e criticam são cenas gays.