Não é pra você
– ou não é só pra você
Talvez seja só pra mim
Fato é que ninguém me ensinou a esquecer
E eu lembrei, também, de você
Pensei num coletivo
Coletivos
Vivemos nas memórias de muita gente
– como você e eu
Mas, também essas gentes vivem conosco
– como você em mim
Tinha uma técnica
– apagar registros, rostos, histórias
Descobri que isso só funciona com máquinas
Máquinas não amam
– são obrigadas a esquecer
Somos mais do que memórias
Somos criação
Criamos uns aos outros
Eu sou um rastro de ti
– não rastreio
Mas, em ti deixei pegadas
A gente desapega
Só não esquece
Não esqueça
Máquinas não amam
– como te amei
Não sei porque não me ensinou a te esquecer…
Por Vinício Carrilho Martinez