
“Sorrimos mais do que choramos nesse carnaval. Nossa alma indígena, guerreira, nos move, estimula a enfrentar os bichos mais feios que aparecerem pela frente. Conte comigo, com meu amor pela cultura e pela BVQQ”, desabafou de Siça Andrade, presidente da Banda do Vai Quer Quer, nas redes sociais. A BVQQ assim como outras bandas e blocos carnavalescos foram proibidos de desfilar. O advogado e carnavalesco Ernandes Segismundo, famoso pelo bom humor e pela jeito festeiro de ser, protestou saindo nas ruas com uma camiseta preta com a inscrição “Carnaval Proibido”. Contrariando o pedido de não aglomerar, fez um grupo e foi para a Praça das Caixas D’àgua, local marcado para a saída da BVQQ. O carnaval de rua foi proibido pela prefeitura de Porto Velho em consequência da cheia do Madeira que ontem, sábado, atingiu o nível de 18,73 cm, o que é próximo do descontrole, segundo a Defesa Civil. Até aglomerações foram proibidas pela justiça, uma espécie de toque de recolher fora de época. Só que não.
As ruas foram trocadas por reuniões carnavalescas em residências, bares e boates de Porto Velho. Um local acostumado a uma boa música foi a pedida para os “sem-carnaval”, o Mercado Cultural, onde uma dupla fez a alegria dos foliões cantando marchinhas de carnaval e, claro, as músicas eternizadas pela Banda do Vai Quem Quer.

“Sem os desfiles de blocos, Porto Velho revive os antigos carnavais em bailes como esse no Mercado Cultural. Uma delícia! As músicas da BVQQ e as marchinhas tradicionais reforçam minha convicção de que a cultura é um patrimônio indispensável em qualquer cidade. Um pecado não reconhecer isso”, disse a foliã Luciana Oliveira, esposa de Segismundo. Os dois formam a dupla “a tampa e a panela”, segundo amigos do casal. “Não existe carnaval sem estes dois”, disse uma foliã.
DOM HELDER CÂMARA
Para referendar a alegria do carnaval e extirpar qualquer conotação de pecado, Segismundo até publicou no Facebook uma foto de Dom Helder Câmara, que não via problemas em pular carnaval. “Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali, cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval. Estive recordando sambas e frevos, do disco do Baile da Saudade: ô jardineira por que estas tão triste? Mas o que foi que aconteceu….Tú és muito mais bonita que a camélia que morreu… Brinque meu povo querido! Minha gente queridíssima. É verdade que quarta-feira a luta recomeça. Mas, ao menos, se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida!” . Dom Helder Câmara teria dito isto no dia 01 de fevereiro de 1975, durante sua crônica radiofônica “Um olhar sobre a cidade” da Rádio Olinda AM.
Há quem não goste de carnaval e aprecia um bom rock. E não faltou rock no Gregos Original no sábado de carnaval. Enquanto rolavam marchinhas de carnaval no Mercado Cultural, no Gregos rolava um rock pesado. O II CarnaRock teve Mamonas Assassinas Cover e Kenga Cheff. O “carnaval” do Gregos começou na noite de última sexta-feira (28), com a Banda RockUp interpretando The Beatles, mais as apresentações da Par de Sais e SexyTape.
Fonte: maisro.com
Fotos: arquivo pessoal Luciana Oliveira e Marcelo Gladson