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quinta-feira, junho 19, 2025

Rússia alerta sobre ‘mercenários’ da Síria e da Líbia nos confrontos em Nagorno-Karabakh

Moscou quer mediar diálogo entre Armênia e Azerbaijão, que disputam região no Cáucaso. Confrontos entraram no quarto dia.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou nesta quarta-feira (30) que militantes armados de Síria e Líbia estão participando dos confrontos entre Armênia e Azerbaijão na região de Nagorno-Karabakh. Em comunicado, a chancelaria russa pediu que os dois países do Cáucaso evitassem usar “terroristas estrangeiros e mercenários” no conflito.

Russos e armênios formam uma aliança militar, enquanto a Turquia apoia o Azerbaijão — país próximo cultural e etnicamente. No entanto, o atual governo da Armênia esfriou as relações com Moscou, que, por sua vez, tem relações estáveis com as autoridades azeris.

Azeris participam de funeral de militar do Azerbaijão morto em confrontos em Nagorno-Karabakh desta quarta-feira (30) — Foto: Aziz Karimov/AP Photo

Assim, a Rússia vem pedindo o fim dos confrontos em Nagorno-Karabakh, junto com países do Ocidente, para evitar que a guerra na região separatista armênia se escale em um desentendimento global.

Para tentar apaziguar a situação, o governo russo chamou para conversas os chanceleres da Armênia e do Azerbaijão — dois países que fizeram parte da União Soviética (1922-1991).

4º dia de combates

Danos em apartamento localizado em Tartar, cidade em Nagorno-Karabakh bombardeada nesta quarta-feira (30) no confronto entre Armênia e Azerbaijão — Foto: Aziz Karimov/AP Photo

Confrontos entre Armênia e Azerbaijão na região de Nagorno-Karabakh continuaram nesta quarta-feira (30), quarto dia consecutivo de combates. Estima-se que mais de 100 pessoas tenham morrido nos enfrentamentos, inclusive civis.

O Ministério da Defesa do Azerbaijão disse que forças armênias começaram a bombardear a cidade de Tartar na manhã desta quarta e causou danos a estruturas civis. Do outro lado, a Armênia afirmou que forças azeris atacaram posições militares pró-armênia na cidade, que fica no norte de Nagorno-Karabakh.

Apesar de a comunidade internacional evitar se posicionar explicitamente ao lado de um dos dois países em confronto, a Turquia admitiu que apoia o Azerbaijão. Porém, o governo turco negou que estivesse enviando aeronaves militares à região.

O que é Nagorno-Karabakh

Soldado do Exército de Defesa de Nagorno Karabakh faz disparo contra as posições azeris na segunda-feira (28) — Foto:  Ministério da Defesa da Armênia / AFP

Nagorno-Karabakh abriga quase 150 mil pessoas em um território encravado nas fronteiras do Azerbaijão. Dessa população, segundo dados apresentados pelo governo armênio, 95% têm origem armênia. Separatistas clamam independência do território, conhecido também como Artsakh.

De um lado, armênios argumentam que são a maioria étnica e, por autodeterminação dos povos, têm direito ao controle de Nagorno-Karabakh. Do outro, os azeris entendem que também têm aquela região como parte do território histórico do Azerbaijão.

Mapa República de Nagorno-Karabakh — Foto: Alexandre Mauro/G1

A região onde hoje fica Nagorno-Karabakh era povoada tanto por armênios, majoritariamente cristãos, quanto azeris, que na maioria seguem o Islã. Embora o Império Russo no século XIX e no início do século XX tenha conseguido conter tensões étnicas no Cáucaso, não raro os dois grupos entravam em confronto.

Com a Revolução Russa de 1917 e a subsequente formação da União Soviética em 1922, o território por onde se estendiam os domínios de Moscou foram divididos em repúblicas e regiões autônomas. E, embora os armênios fossem maioria em Nagorno-Karabakh, o governo soviético decidiu, ainda nos anos 1920, incluir o território dentro das fronteiras da então República Socialista Soviética do Azerbaijão.

Em 1988, três anos antes da dissolução da União Soviética, eclodiu uma guerra entre azeris e armênios na disputa por Nagorno-Karabakh. Mais de 30 mil pessoas morreram, segundo estimativas.

Bandeiras da Armênia e da República de Nagorno-Karabakh – não reconhecida pelo Brasil — Foto: Border Flags by David Stanley / CC BY

Há diversas razões para o início dos confrontos, mas a menor interferência de Moscou em um período de reabertura capitaneada por Mikhail Gorbachev diminuiu a coesão imposta pelo governo central da URSS: os militares soviéticos não conseguiram conter os movimentos separatistas pró-Armênia em Nagorno-Karabakh, e a guerra começou.

O conflito só terminou em 1993, já depois da dissolução da União Soviética. Os confrontos tiveram fim com um cessar-fogo assinado no ano seguinte e mediado, principalmente, pela Rússia.

Ainda assim, em 2016, novos confrontos em Nagorno-Karabakh deixaram quatro mortos e reacenderam a tensão regional — acalmada desde o fim dos embates na década de 1990. E outros combates ocorridos em julho de 2020 mostraram que a paz mediada há quase 30 anos está em risco.

Fonte: G1

 

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