Uma nova cheia deve atingir Rondônia este ano. Em 2014 o nível do Rio Madeira chegou a sua marca histórica de 19,49 metros, deixando mais de cem mil desabrigados em todo o estado. Para 2015 as previsões são bem piores. A previsão do Sistema de proteção da Amazônia ( SIPAM) para este dia chuvoso é de que o volume de chuvas poderá desencadear uma cheia igual ou pior a de 2014.
secretaria deve se reunir com os órgãos técnicos para trabalhar com o pior cenário, com precaução, trabalhando com os dados hidrológicos, como se a cidade estivesse em uma situação de calamidade, de forma a impedir que ocorram vítimas fatais. Dentre os órgãos estão, a Câmara dos Vereadores, Procuradoria Geral do Município, Controladoria Geral do Município, secretarias do Meio Ambiente, Saúde, Assistência Social, Corpo de Bombeiros, Segurança Pública do Estado, Educação, Obras, Agricultura, Exército, ministérios públicos do Estado e Federal, além de associações bairro e arquidiocese.

A Coordenação Estadual da Defesa Civil está em alerta e monitorando os níveis do Rio Madeira em razão do período de cheia dos rios, que é comum na região. Segundo o tenente bombeiro Artur Luiz Santos de Souza, diretor de Planejamento e Operações do órgão, com base em informações da Agência Nacional de Águas (ANA), não há, neste momento, indicativo de que ocorrerá outra enchente de grandes dimensões. “Estamos em alerta e prestaremos apoio, se houver necessidade”, afirma.
A elevação do nível do rio Madeira, que é comum entre os meses de janeiro e abril, segundo dados colhidos na estação da ANA na cidade de Porto Velho, indica que o fenômeno enchente ocorrerá nos padrões já conhecidos, não devendo causar danos significativos. Nesta quarta-feira, 14, a medição apontou a cota 13,32 metros, considerada normal pela agência. O tenente Artur esclarece que o rio está no limite da normalidade, mas, ainda assim, dentro dos padrões compatíveis com o período.
Abunã
A situação é diferente na região de Abunã, distrito de Porto Velho, onde a estação local apontava média de 19,45 metros na manhã desta quarta-feira. O normal seria em torno de 16 metros. Nesta área, além de parte significativa da BR-364, onde está também o distrito de Mutum Paraná, estão incluídos os municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim, que foram duramente castigados na enchente de 2014, quando ficaram isolados por via terrestre.
Para esta área, a Defesa Civil Estadual, que atua através do Corpo de Bombeiros, mantém alerta nos quartéis. Ao mesmo tempo em que acompanha os dados hidrológicos que informam sobre o nível dos rios Mamoré e Guaporé, além do rio Madeira, onde os dois primeiros desaguam. As faixas de terras que podem ser inundadas estão sendo mapeadas para que a intervenção, se for necessária, seja rápida e eficaz.
Um dos fatores que contribui para que a situação, a partir do distrito de Abunã, seja diferente da cidade de Porto Velho, segundo o tenente Artur, é o assoreamento a que foi submetido o leito do rio durante a enchente passada. “É um processo normal. A força da água traz sedimentos que vão sendo depositados no rio”, explica o tenente bombeiro.
Apesar disto, avalia o oficial da Defesa Civil, a situação ainda não preocupa porque há baixa incidência de chuvas nos rios Beni, na Bolívia, e Madre de Dios, Peru, que são os formadores do rio Madeira. O monitoramento destas ocorrências contribui para o prognóstico de que uma grande enchente não deve acontecer em 2015.
Intervenção
A mobilização da Defesa Civil Estadual, em caso de enchente, ocorre a partir de pedido feito pelo município atingido, que reconhece a necessidade de apoio, pois são responsáveis pelo primeiro atendimento e acompanham diretamente a situação.
A partir deste momento, a Defesa Civil Estadual mobiliza seu pessoal e órgãos parceiros, oferecendo socorro e assistência imediata através do efetivo local do Corpo de Bombeiros. Outra atividade relevante neste tipo de ocorrência é o auxílio que é prestado na elaboração dos processos que buscam o reconhecimento da situação de calamidade pública.
Lições
Para o tenente Artur, a enchente histórica de 2014 deixou lições que devem ser observadas. A principal delas é que as áreas que oferecem risco devem ser desocupadas, delimitadas e fiscalizadas. “As moradias precisam ser erguidas em terrenos mais seguros, e isto a nossa região tem bastante, é a nossa vantagem”, explica. Situação oposta ocorre diferente das regiões sul e sudeste, onde não há mais áreas para onde remanejar as famílias atingidas por desastres provocados pela natureza.
O oficial diz que esta orientação consta nos relatórios da Defesa Civil dos municípios com pedidos de providências nos Planos de Reconstrução.
Sem mortes
Em 2014, mais de dez municípios do Estado foram afetados pela enchente histórica, que desabrigou famílias, danificou propriedades públicas e privadas, afetou o sistema de transportes, inclusive fluvial, a ponto de comprometer o abastecimento de combustíveis. ]
Os municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim ficaram totalmente isolados e sofreram com a economia estagnada. A maior cota foi de 19,52 metros, registrada no dia 19 de março.
A intervenção da Coordenação da Defesa Civil Estadual ocorreu a partir do momento em que os municípios reconheceram que não poderiam enfrentar o desastre sem ajuda externa.
A partir das informações fornecidas pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e ANA, as áreas que seriam atingidas foram mapeadas e as famílias que teriam suas casas inundadas foram retiradas a tempo e alojadas em ambientes mais seguros. Ao contrário do que ocorre em outras regiões do país, não houve a ocorrência de mortes, fato que mereceu elogios do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), órgão do Ministério da Integração.
Fontes: Assessoria Sipam e Nonato Cruz/Decom