PMDB e PT têm casamento marcado
Acordo pode assegurar no mínimo 55% dos votos antes mesmo do início da campanha
Se algum postulante ainda duvidava de que a reeleição de Confúcio Moura eram favas contadas, agora acredita. O acordo com o PT, costurado pelo senador Valdir Raupp com a presidente como forma de preservar a base aliada e acalmar os ânimos dos deputados, acaba com qualquer possibilidade de sucesso dos adversários em Rondônia. Podem esquecer. O acordo, no qual Padre Tom deixará de postular a cabeça da chapa para ocupar a vice de Confúcio ainda não foi oficializado. Nem será, por enquanto, em função do que estabelece a legislação eleitoral. E até o anúncio será postergado, para não obrigar Confúcio a abrir o jogo e admitir a candidatura. Ou seja: o pacto está selado, mas ainda não é um contrato pré-nupcial. Eles estariam na esquisita situação de pré-nubentes – mais que namoro mas ainda não noivos.
Apesar disso, parecia namoro de antigamente o encontro entre os casadoiros ontem, no Palácio do Planalto, antes de subirem para o encontro de Dilma com o governador e bancada federal para tratar de questões relacionadas às enchentes. Testemunhado por Valdir Raupp e Anselmo de Jesus, o encontro entre Confúcio e Padre Tom foi pleno de sorrisos, como registra a foto de Mara Paraguassu. Tal circunstância pode (e deve) provocar choro e ranger de dentes entre os adversários, que vão procurar por todos os meios afogar sua consumação nas águas turbulentas do Madeira.
E não lhes resta alternativa, pois os benefícios são inequívocos para ambos os partidos. Confúcio será acusado por abrigar em seu palanque nomes como Roberto Sobrinho, Epifânia Barbosa e Cláudio Carvalho. Pode ser que sim, mas pode ser também que nenhum deles consiga registrar candidatura no TER. Epifânia e Cláudio por terem sido condenados em decisão colegiada na Assembleia. Roberto, pelo conjunto da obra. É claro que os adversários vão espargir acusações como água benta.
A reeleição, que era uma certeza do blogueiro, passa a trafegar por um novo cenário, embora não se possa falar sobre trafegabilidade nesses tempos alagados. Mas basta fazer as contas para verificar que os resultados das eleições estão definidos desde já. Não se pode desconsiderar o significativo o contingente eleitoral do PT – militância mais beneficiários do Bolsa Família (convenhamos que ninguém duvida de que o cartão do Bolsa Família é uma declaração de voto no PT). Ou seja: o PT tem previamente assegurados pelo menos 25% dos votos no estado. Pode não passar disso, mas é muita coisa. De olho nessa fatia é que Valdir Raupp exigiu a adesão petista para acalmar a base aliada.
Por outro lado, o candidato à reeleição, qualquer que seja ele, tem assegurado um mínimo de 30% de apoio do eleitorado. Basta lembrar o exemplo do poste colocado por Cassol no governo. Cahulla obteve, segundo o TRE, 297.674 votos no segundo turno das eleições de 2010, 41,33% dos votos válidos. Isso significa que a composição PMDB/PT pode garantir a reeleição de Confúcio Moura no primeiro turno com pelo menos 55% dos votos válidos antes mesmo no início da campanha.
Não se pode, contudo, desconsiderar o imponderável, como o agravamento das relações conflitantes entre os dois partidos no Legislativo, a partir da rebelião liderada pelo PMDB. Pode até ser de caráter meramente casuístico, mas a possibilidade de uma ruptura irreversível seria muito boa para o País. Imagine o leitor que o PMDB decida romper definitivamente com PT e finalmente lançar candidato próprio. Um nome o partido já possui: Michel Temer que, comparado aos dois antecessores é um estadista de primeira plana. Ele pode não vencer as eleições, mas o PMDB não perde, já que o vencedor, mesmo que seja a própria Dilma, jamais poderá governar sem seu apoio. E terá que entregar um monte de ministérios e outros cargos. O mesmo vale para qualquer outro que chegue lá.
E mais: caso isso aconteça e o PT venha a ser defenestrado, o país ficará historicamente endividado com o PMDB por seu heroísmo. É claro que isso não vai acontecer. Apesar de sua teimosia, Dilma vai ceder, nem que para isso tenha que ultrapassar Ali Babá na quantidade de ladrões, com a criação de novos Ministérios. Posso até sugerir o Ministério de Obras contra as chuvas e outro de Obras contra a Seca. Quando as águas baixarem por aqui, para inundar o sul do país, basta cada um deles passar a fazer nada em outra região.