Bola fora – O ex-governador José Bianco ficou irritado com as declarações do deputado Maurão de Carvalho, que alardeou apoio do PFL às suas pretensões eleitorais. Candidato dele mesmo ao Governo do Estado, o deputado meteu os pés pelas mãos e tentou agregar às suas pretensões eleitorais o cacife político do líder pefelista. Não deu. Além de publicamente desmentido Maurão ainda conseguiu atrair a insatisfação de Bianco, que fez questão de negar aquela e qualquer outra especulação nesse sentido. O presidente do PFL acrescentou que ninguém, a não ser ele mesmo, está autorizado a falar pelo partido em Rondônia.
Maurão de Carvalho, aliás, não acerta uma. Logo no início acreditou nas palavras de Ivo Cassol, que o havia definido como “mais que um amigo, quase irmão”. O deputado imaginou-se no céu, eleito e ungido. Mas esqueceu de perguntar a Cesar Cassol até aonde vai a fraternidade algo heterodoxa do irmão. Ele não conhece camaradagem, parceria ou contubérnio. O relacionamento “familiar” que admite é aquele do capataz com o servo, do chicote com o tronco. Maurão, ingênuo, precipitou-se ao lançar seu nome no encontro do PP sem o aval do senador. Deu no que deu. Ivo Cassol, que já havia enrolado Neodi de Oliveira e Cesar Cassol e está enrolando Odacir Soares, lança ao governo o nome da Irmã, Jaqueline, quando nada para desiludir de vez o “quase irmão”.
Bola murcha – O presidente da Assembleia, Hermínio Coelho definitivamente não acerta uma. Consta que agora, revoltado com o presidente estadual do PSD, deputado Rubens Moreira Mendes, que o mandou calar-se, sob pena de não conseguir nem mesmo vaga na legenda para sair candidato à Câmara Federal, decidiu partir para o confronto. Quer o apoio dos diretórios municipais da para derrubar o agora desafeto. É coisa para rolar de rir. Se insistir nessa sandice, vai mandar a bola para fora do estádio, pedir licença para buscar e permanecer por lá.
A mania de grandeza do deputado, que o leva a usar munição dos cofres públicos para atirar na lua, deslocou-se de sua rotineira carga contra o governador Confúcio Moura para assestar baterias em direção ao ex-senador. Acontece que a paciência de Moreira Mendes é limitada e ele já gastou quase toda na tentativa de fazer com que Hermínio Coelho fique calado. O momento político, afinal, exige conversa, diplomacia e negociação. Nada do que um maluco, que começa a babar quando vê um microfone, possa ter noção.
O perigo é, portanto, bastante real para o presidente da Assembleia. Candidato a Federal, ele não tem a menor chance de fortalecer o baixo clero com o seu nome. Tanto é que assessores próximos demonstram clara preocupação com o destino do assessorado. Alguns tentam inclusive apelar para o espírito público e capacidade de conciliação de Moreira Mendes. Lembram que seu filho, o então vereador Guilherme Erse, que tinha a reeleição praticamente assegurada, foi impedido de candidatar-se pelo PR, comandado então pelo ex-vereador Paulo Moraes. “Revanchismo não!” – bradam os defensores de Hermínio, já assustados com a perspectiva de perder a boca na Assembleia.
Escrevi certa vez que político não ama, mas também não odeia. Minha opinião, porém, pode não se confirmar no escabrosos caso que vitimou Guilherme Erse em plena trajetória ascendente, agora lembrado no noticiário político. É que entre os mais poderosos consultores políticos de Hermínio está exatamente Paulo Moraes. É claro que velhas e doloridas mágoas não deverão ser levadas em consideração pelo presidente do PSD. Mas nada recomenda a lembrança, que pode se transformar em uma verdadeira lambança bem característica do autor. E apelar para o “espírito republicano e dignidade da sigla” não vai adiantar muito para quem literalmente enquadrou Ivo Cassol em passado recente como presidente do PPS.
A propósito – A juíza Sandra silvestre, coordenadora da Justiça Rápida, conversou com os abrigados, acampados nas barracas do Exército, exatamente no dia seguinte à espalhafatosa visita “surpresa” do presidente da Assembleia. A magistrada, que foi observadora internacional no Timor Leste, aonde chegou a ser ferida durante um assalto, entrou nas barracas, fez sugestões e prometeu ajudar em demandas que estão em sua área. Mas esclareceu que o trabalho realizado naquele abrigo de refugiados está dentro dos padrões internacionais.
Interessante observar que não basta impedir que HC diga disparates. É preciso calar também sua assessoria. Em entrevista ao programa de Maurício Calixto na rádio Rondônia, Hermínio demonstrou não se lembrar das bobagens a ele atribuídas no dia anterior sobre a visita ao acampamento dos atingidos pela enchente. O entrevistador perguntou qual seria a solução para o caso dos desabrigados. Ele gaguejou, desconversou e não respondeu. Maurício insistiu e ele, finalmente, imaginou uma solução com a criação de uma “bolsa aluguel” de R$ 500 para cada família. O entrevistador apiedou-se e deixou de perguntar de onde sairia o dinheiro.
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