BRASÍLIA – As investigações da Operação Lava-Jato já resultaram na abertura de oito processos contra 42 pessoas, abalaram o mandato do deputado André Vargas (sem partido-PR) e podem ainda trazer complicações para várias pessoas e empresas que fizeram negócios com o doleiro Alberto Youssef e com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Na próxima semana, a força-tarefa do Ministério Público encarregada do caso deve apresentar mais quatro denúncias.
Investigadores estão de olho sobretudo na análise das mensagens trocadas a partir dos 34 celulares apreendidos com Youssef. A PF e o Ministério Público Federal devem pedir ainda a quebra do sigilo de, pelo menos, mais 60 contas bancárias.
Segundo a Polícia Federal, o Consórcio Nacional Camargo Correa, com contratos suspeitos com a Petrobras, repassou R$ 26 milhões à consultoria de Youssef por intermédio da Sanko Sider. A Operação Lava-Jato começou a partir do rastreamento de remessas de dinheiro do doleiro de Brasília Carlos Habib Chater a familiares do ex-deputado José Janene, já falecido, em Londrina.
No caminho do dinheiro de Chater, a polícia chegou a Youssef. Condenado na Operação Farol da Colina em 2004, mesmo após firmar acordo de delação premiada, ele estava em plena atividade. Em 2004, quando apanhado pela primeira vez, Youssef confessou que era um dos quatro maiores doleiros do país. A banca de Youssef servia como câmara de compensação no mercado clandestino.
Dois dias antes de deflagrar a operação, em 17 de março, a PF prendeu Nelma tentando embarcar para a Itália com 200 mil euros na calcinha. Ela teria sido informada sobre a investigação e tentava deixar o país. A PF se deparou ainda com negociações entre Chater e Renê Luiz Pereira, suspeito de envolvimento com o tráfico de cocaína da Bolívia para Brasil e Espanha.
A PF recolheu indícios de que a organização de Chater tentava contrabandear diamante dos índios cintas-larga em Rondônia. Segundo relatório da PF, a Chater, com Francisco Angelo da Silva, Júlio Urnau e o advogado Raul Canal, estaria criando a Cooperativa Extrativista Cinta Larga de Rondônia “para extração ilegal de diamantes”.
Maisro.com.br com O Globo
Foto: Diário da Amazônia