TRANSPOSIÇÃO: COLUNISTA DIZ QUE AGORA É A HORA DE CHUTAR O BALDE

0
635

TRANSPOSIÇÃO
01 Dilma até pode querer aparentar o contrário, mas não é absolutamente resiliente a trancos, especialmente no momento de “fazer o diabo” para ganhar a eleição. É nessa levada que a cantoria da transposição pode mudar de valsa para frevo. Ou seja: é hora de chutar o balde.

 

Romero JucáLá vou eu cutucar, de novo, a onça. Mas preciso fazê-lo, sob pena de continuar engasgado com a palhaçada da transposição. Esperei que algum de nossos representantes se manifestasse, mas nada. Todo o mundo parece mais preocupado com a copa do mundo do que com a opinião dos servidores. Lá na frente não vai adiantar a choradeira. Entendo perfeitamente a saia justa que foi aplicada à nossa representação em Brasília. Afinal, absolutamente todos os deputados e senadores rondonienses integram a base aliada do desgoverno Dilma e definitivamente não é lá um bom negócio partir para o confronto. Os compromissos partidários não o recomendam.

Agora, porém, com a aprovação da PEC 111 pelo Senado, mais dois estados – Roraima e Amapá – poderão entrar na briga. Agora são três estados, nove senadores e 24 deputados, uma bancada considerável – se fosse partido certamente poderia negociar Ministério. Mas, convenhamos, não é preciso afrontar a presidAnta. Basta atacar seus ministros e dizer que ela, em plena campanha eleitoral, está sendo levada por eles a faltar com a palavra empenhada junto aos servidores. A estratégia atinge de uma só vez dois pontos fracos do relacionamento da presidAnta com o primeiro escalão. Os ministros têm verdadeiro pavor das espinafradas presidenciais. E ela aceita como verdadeira qualquer denúncia que ligue o acusado com o time do “volta Lula”.

Ou seja: basta denunciar o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, acusando-o de conspiração. Talvez não seja o nome mais adequado, já que é considerado “homem de confiança” da chefA. Nossa bancada deve saber com detalhes a situação de cada um. Jorge Hage, da controladoria geral, por exemplo, é um bom nome. Foi nomeado por Lula em 2006 e mantido por Dilma. Luiz Inácio Adams, da Advocacia Geral da União é outro alvo potencial.

Luiz Adams insistiu em ter como adjunto, verdadeiro braço direito, o amigo José Weber Holanda, que foi pego pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. Adams era candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, mas depois dessa deu adeus ao sonho. Ou seja: o homem está fragilizado e são justamente os técnicos da AGU que mais atrapalham a transposição. A considerar as denúncias, surgidas com a Operação Porto Seguro, estão criando dificuldades para negociar facilidades.

O que nossos parlamentares não podem é deixar por isso mesmo. Não agora, que avançaram tanto. É preciso partir para o ataque, criar problemas, ameaçar com votação em bloco contra os interesses do Planalto, assinar CPIs e convocação de ministros. É preciso, afinal, mostrar que o povo de Rondônia, insatisfeito, está sendo verdadeiramente representado. A transposição, afinal, interessa não apenas aos servidores, mas a todos. A economia que o estado poderá fazer com a folha de pagamentos, ainda que revertida em benefício para os demais, será de extrema importância para nossa economia.

Moreira Mendes chutou o balde

Lembro que o então senador Moreira Mendes comprou sozinho uma briga monumental contra o governo Fernando Henrique Cardoso por conta da Medida Provisória 2166, que estabelecia a absurda limitação linear do desmatamento a 20% do território e obrigava os proprietários de terras a recompor a cobertura florestal mesmo em áreas que jamais haviam sido ocupadas pela mata.

O então senador renunciou ao cargo de vice-líder do governo que até então ocupava, para declarar-se em obstrução permanente, embora solitária, das matérias de interesse do governo no Senado, aí incluída a tal CPMF. “ Voltei à tribuna esta semana, para, mais uma vez, falar sobre a Medida Provisória nº 2.166. Penso que esta deve ser a 13ª ou a 14ª vez que a ocupei para falar do mesmo assunto, um verdadeiro estelionato oficial praticado contra os colonizadores daquela região e seus descendentes” – disse ele à época, para acrescentar que “A responsabilidade a mim conferida pelo povo me vincula a um duplo contrato: de um lado, o mandato para agirmos em seu nome e, de outro, o dever de servir-lhes em suas demandas mais prementes”.

– Por essas razões – disse – para além do Partido a que estou filiado, para além do programa de Governo que eventualmente apoio nesta Casa é que tenho este dever, o de servir ao meu Estado e ao meu povo, que me conferiu o mandato. Eis porque informei que a partir daquele momento, em solidariedade ao povo do meu Estado, declarei-me em obstrução pessoal. Disposto a esgotar todos os recursos que o Regimento Interno me permitisse para impedir a aprovação de qualquer matéria que seja do interesse do Governo, com o meu voto. Até que o Governo, verdadeiramente, demonstre vontade política para discutir essa questão.

FHC não topou o confronto e a União acabou acatando o Planafloro, o que beneficiou igualmente os demais estados da região. Esta foi uma das razões que levarem o então suplente de Bianco no Senado a obter mais de 175 mil votos como candidato à na primeira eleição que disputou.
 Fonte: Blog do Cha