O ano de 2014 certamente será marcado pela história da climatologia da Bolívia e do estado de Rondônia com marcas recordes de enchentes jamais observadas.
O índice pluviométrico até ficou abaixo de eventos extremos do passado, bem como o regime de degelo dos Andes, o que não justifica, portanto, que a enchente em série observada no país vizinho e no estado de Rondônia, foi causada apenas por eventos naturais.
Enchentes na Bolívia e na Amazônia brasileira sempre ocorreram e fazem parte do ciclo de renovação, principalmente da flora e fauna. Períodos maiores, outros de pouco impacto, assim como a seca recorde de 2005.
Mas nunca, algumas cidades com mais de 100 anos de monitoramento, tiveram em cadeia uma elevação tão brutal e tão duradoura de seus rios.
Especialistas defendem que o acúmulo de sedimentos no fundo de grandes rios, como o Madre de Dios, Beni e Mamoré, na Bolívia e o Guaporé e Madeira, em Rondônia, além das duas hidrelétricas do rio Madeira, em Porto Velho, causaram um efeito dominó, onde a água, rio acima da hidrelétrica de Jirau, continua “represada” ao extremo na altura do distrito de Abunã, enquanto rio abaixo, após a hidrelétrica de Santo Antônio, a potência da água jorrada pelos vertedouros aumenta a cada hora a inundação até Humaitá, no sul do Amazonas.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em sua rápida visita de pré-campanha eleitoral pelo estado de Rondônia, atribuiu às cheias como um ciclo natural causada por um fenômeno climático anômalo.
Em nenhum momento, o governo federal, concordou apenas com a hipótese de que o grande progresso levado à Rondônia fosse provocar de forma intermitente, uma enchente de proporções sem fim.
Foi do governo federal, inclusive, que partiram os estudos ainda em 2008 para a construção de duas usinas no rio Madeira, cuja vazão assustadora de suas águas no período de cheia, não foi levada a sério.
Hoje, Rondônia estende a balança e vê por um lado o progresso e o aumento da riqueza do estado com a instalação das duas usinas, mas por outro amarga os prejuízos de uma enchente sem precedentes e sem data para recuar.
O governo da Bolívia, afirma que desde 2008, já dispunha de processos e material o suficiente informando que, por menor que fosse o “fio d’água” das duas usinas, o efeito seria devastador, tanto para a Bolívia quanto para o Brasil, no caso os estados do Acre e Rondônia, pelo seu total isolamento.
Somente na Bolívia, os números mostram que já passam de 500 mil, as cabeças de gado mortas nas enchentes e mais de 70 pessoas que perderam a vida. O prejuízo extrapola R$ 1 bilhão com cidades inteiras arrasadas e um governo, que até o momento, não tomou postura para amenizar o sofrimento de seu povo.
A força tarefa montada por entidades do país vizinho cobra do governo federal da Bolívia e do Brasil, explicações para possíveis remanejamentos e indenizações que fogem à regra para as regiões castigadas.
Ao final, parece que a força mútua e calada de Evo Morales e Dilma Rousseff prefere deixar povos agonizando em prejuízos para garantir futuras e prósperas eleições. Talvez, geograficamente, São Paulo e Rio de Janeiro fossem estados de fronteira com a Bolívia, pelo alto poder em cabines eleitorais, o drama da população de Rondônia não estaria tão esquecido como agora. O tom pode até soar como “perseguição” política ou partidária, mas o fato é que estamos cansados de sempre noticiar os mesmos fatos e mostrar as mesmas imagens ano após ano de um Brasil aonde o comunismo ainda impera mais alto.
Fonte: de olho no tempo